A Máquina é o grande vencedor do 1º Festival de Cinema na Internet, o Brasil Digital, que anunciou hoje todos seus ganhadores. O curta faturou o Prêmio do Júri Popular On-line para Melhor Filme, da categoria E-Cinema, dirigido em videodigital pelo estreante Leandro Rial. A Máquina conta a história de um charlatão que acaba descobrindo que pode se comunicar com os mortos por meio de uma máquina de escrever. O curioso é que entre todos os 30 vídeos concorrentes, este é o menos experimental, baseado num roteiro linear, sem reviravoltas, sem edições excêntricas, planos inovadores, etc. Ou seja, ao contrário da crítica, o público optou pelo simples na hora de votar. Originalmente editor para cinema (já trabalhou com Sílvio Tendler e Vincente Amorim, entre outros), Rial está finalizando seu segundo curta, Versículo de Jorge, que assim como seu curta premiado também é baseado num conto de Leonardo Mendonça. O diretor deve levar para a casa uma câmera digital, fornecida pela JVC e JustoAqui, patrocinadoras do festival. Na escolha do júri, o prêmio de Melhor Animação, dentro da categoria Animatec, foi para o curta Luiza Vai Para o Inferno, de Carlos Eduardo Nogueira, como já se previa. Gerada num plug-in Flash (técnica pela qual os jurados confessaram ter simpatia), a animação é muda, e expõe os devaneios de um homem sobre a personalidade doentia da tal Luiza do título. Possui uma estética muito sobria e forte, acompanhada por movimentos vagos e poesia raivosa que flui pela tela. Nogueira também leva sua câmera digital pelo bom trabalho. Outros ganhadores foram Cao Guimarães e Lucas Bambozzi, pelo documentário Rastros do Ofício, na categoria .Doc. Além do ótimo tema - o desaparecimento natural de certos tipos de profissões no Brasil -, o documentário de 8 minutos e 30 segundos é fundamentalmente experimental, e faz uma colagem visual de takes registrados em três tipos diferentes de suporte: digital, película Super8 16 milímetros. Também ganhou pela categoria E-Cinema - que abrange os trabalhos em ficção como A Máquina - , a poesia visual If, de Aggêo Simões e Marcus Nascimento. Uma série de haicais que são conduzidos pelos cinco sentidos: paladar, audição, tato, visão, olfato. Ao contrário de todos os outros ganhadores, esse curta é o único que não utilizou nenhuma tecnologia digital, foi filmado numa BetaCam normal. O festival teve início em 16 de dezembro, e recebeu votos do público até às 18 horas de hoje. O júri oficial fez uma reunião on-line na última terça-feira para definir o ganhador de cada categoria. O Brasil Digital foi o primeiro do gênero realizado no País, organizado pela Zeta Filmes em parceria com o guia virtual de mídia Justoaqui e com a Real Networks. Os filmes foram vistos e votados por 10 mil pessoas nesses 30 dias. O eleito pelo público recebeu 4.333 votos. Todos os 40 curtas selecionados (30 concorrentes mais dez da mostra Paralelo 00) continuam disponíveis no site para quem ainda quiser assistir.