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Bollywood quer conquistar mercado ocidental

A indústria cinematográfica indiana produz 1000 filmes por ano, contra 400 de Hollywood, mas poucos são conhecidos fora do país

Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria cinematográfica indiana, a segunda maior do mundo (perde apenas para a africana, chamada de Nollywood), faz sucesso há décadas no Oriente, mas não invadiu as telas ocidentais, meta que espera conseguir por meio de Bollywood, a meca do cinema asiático. A Índia produz 1000 filmes por ano, enquanto Hollywood, indústria cinematográfica norte-americana, produz 400. Em compensação, os preços dos ingressos na Índia são baixos quando comparados aos preços pagos em euro, custam cerca de 30% a menos. Apesar das salas de cinema indianas venderem mais de 3 milhões de entradas ao ano, a arrecadação é de 900 milhões de euros, dez vezes menos do que a arrecadação nos Estados Unidos. Por isso, a chave do sucesso da indústria cinematográfica na Índia está em mostrar seus filmes fora do país porque, ainda que outras indústrias comecem a se introduzir no mercado ocidental, como a chinesa e a coreana, os filmes indianos seguem sem "calar" neste mercado. Só uns poucos filmes produzidos pela Índia chegam à Europa e aos Estados Unidos e o público que atraem é, em sua maioria, ligado à Índia. Para emplacar filmes no exterior, a indústria tem como ponta de lança o cinema comercial feito em Bombay e seus arredores, conhecido como Bollywood. São os filmes de maior êxito no país, que atraem público familiar que gosta de desfrutar de filmes ingênuos com três horas de duração e cheios de músicas e festas. As histórias são, em sua maioria, românticas - o final é sempre feliz. Muitos beijos, bailes sensuais, muitas flores e nada de violência. Assim é o cinema feito em Bollywood. Bollywood anda fazendo, no entanto, um esforça para mudar e se abrir para a globalização, adaptando seus produtos aos gostos internacionais. Nos últimos anos, vários diretores tentaram seguir roteiros mais realistas e deixar de lado os tradicionais musicais melodramáticos. A diretora Deepa Mehta, com seus filmes Agua, Tierra e Fuego é um exemplo de um cinema distinto feito em Bollywood. Outra diretora, Mira Nair, escandalizou o mundo com o longa La Boda del Monzón e, este ano, estréia nas salas ocidentais Rang de Basanti, uma das poucas produções indianas que não é um musical. Bollywood cumpre, em seu país, um importante papel: se distanciar da influência do cinema norte-americano, como poucos países fazem. Enquanto o cinema de Hollywood domina as telonas em quase todo o mundo, na Índia só representa 10% das obras assistidas e o cinema europeu e latino-americano são ainda menos exibidos - praticamente não chegam na Índia. Os filmes hollywoodianos não dão ibope porque, além do povo estar acostumado com as produções nacionais, a censura indiana não permite a exibição de muitos deles. Nos filmes feitos no país, não existem cenas de sexo e os palavrões são quase inexistentes. Um dos maiores problemas que Bollywood enfrenta para chegar ao Ocidente é a simplicidade seus produções. Na Índia, existem mais de 200 produções de cinema e nenhuma com mais de 5% da cota de mercado, uma fragmentação que obriga os filmes a utilizarem baixos orçamentos, e por isso têm que abrir mão de altos custos como efeitos especiais. Mas pesquisas indicam que o cinema indiano recebeu recentemente um empurrão do oeste: produtoras estrangeiras como a Paramount, a Sony Pictures Entretainment e a Buena Vista se instalaram próximas à Índia, e Nova Délhi firmou acordos de co-produção com países ocidentais que poderiam muito bem facilitar a saída do cinema do país para o exterior.

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