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Bob Hoskins é o mordomo e Jennifer Lopez, a camareira

Filme que estréia nesta sexta-feira no Brasil traz o ator britânico contracenando com Jennifer Lopez e conta, em entrevista, como se comportou a diva durante as filmagens

Por Agencia Estado
Atualização:

Aos 60 anos, o ator britânico Bob Hoskins prefere fazer participações especiais a interpretar os protagonistas das telas. Sempre lembrado pelo papel de detetive da década de 40 que contracenou com o coelho animado de Uma Cilada para Roger Rabbit, o veterano vê nas chamadas pontas dos filmes a chance de fazer composições mais apuradas tecnicamente. "Quem encabeça o elenco geralmente está ocupado demais contando a história e carregando a produção nas costas", diz Hoskins, com a experiência de quem atuou em mais de 50 longas-metragens. Sua última participação especial ocorreu no set de Encontro de Amor, comédia romântica que a Columbia Pictures lança nesta sexta-feira, nos cinemas brasileiros. Hoskins interpreta o mordomo inglês do hotel onde Jennifer Lopez trabalha como camareira. Lionel, o personagem de Hoskins, ajuda a camareira protagonista a esconder sua verdadeira identidade de um político bonitão (Ralph Fiennes) hospedado no hotel de Manhattan. O pretendente confunde a camareira com uma hóspede, ao vê-la sem uniforme, e passa a cortejá-la. Nada disso aconteceria sem o apoio de Lionel, que acoberta a situação. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Agência Estado pelo ator indicado ao Oscar pela performance como o chofer apaixonado de Monalisa (1986). Você tem roubado a cena em suas últimas aparições no cinema, ainda que seus papéis sejam pequenos... Na minha idade fazer participações especiais é muito melhor. Se o filme estiver sendo rodado nos EUA, melhor ainda. Eles me mandam a passagem aérea, me paparicam por duas semanas e, se o filme for uma droga, a culpa não é minha... (risos). Como foi contracenar com Jennifer Lopez, a estrela de origem latina mais poderosa do showbiz? Tenho de admitir que sabia muito pouco sobre ela até conhecê-la pessoalmente no set. Conversando com o meu filho, Jack, entendi a dimensão exata da sua popularidade. Ela é mesmo um fenômeno. Na maioria das minhas cenas, éramos só nós dois no set. O que mais me impressionou foi perceber que, apesar de muito atraente, Jennifer não se apóia apenas na beleza. A atriz não pensou duas vezes antes de desglamourizar a sua imagem, vestindo um uniforme de camareira. O uniforme ofuscou o seu brilho, mas não o apagou. Diferentemente da maioria dos atores ingleses, você nunca frequentou escola de arte dramática. Onde aprendeu a representar? Fui caminhoneiro, limpador de janelas, porteiro e até engolidor de fogo antes de descobrir a minha vocação. Eu me tornei ator da noite para o dia, ao receber um convite para estrelar a peça Featherpluckers, aos 25 anos. Eu aprendi a representar assistindo às performances de atrizes maravilhosas. Considero as mulheres muito mais honestas na hora de expressar seus sentimentos. Homens sabem como expressar a raiva, mas têm dificuldade quando precisam abrir o coração. Sente-se mal-aproveitado por Hollywood, que supervaloriza a juventude nas telas? Não. Em parte porque os diretores de elenco tendem a escalar os atores sempre para os mesmos papéis. No meu caso, eu sinto que as possibilidades foram ampliadas com o passar dos anos. Hollywood sabe que você envelheceu, que não é mais o mesmo. Daí surgem papéis interessantes e inusitados, mesmo que pequenos. Geralmente são tipos que você não podia interpretar antes. Por ter atuado em todos os gêneros, como escolhe os papéis atualmente? Levo os roteiros para o banheiro. Percebo quando o roteiro é bom, quando os meus filhos batem à porta e perguntam: "Pai, você ainda está aí?" (risos). Quando foi lançado, em 1988, "Uma Cilada para Roger Rabbit" representou a mais perfeita experiência de combinar atores com personagens animados na tela. O que mais o marcou durante as filmagens? Tenho um carinho especial pelo filme por ter sido a primeira produção que eu pude mostrar aos meus filhos. Na época, Jack tinha apenas três anos. No set, nunca vou esquecer do dia em que me pediram para pensar na coisa mais sexy do mundo. Eu confesso que me esforcei. Mas, quando me vi contracenando com Jessica Rabbit na tela, pensei: "Meu Deus! Como a minha imaginação é limitada" (risos).

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