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'Bestia': a macabra história de uma torturadora da ditadura chilena que concorre ao Oscar

Indicado na categoria de melhor curta de animação retrata Ingrid Olderöck, conhecida por torturar mulheres sexualmente com cães treinados

Por Miguel Sanchez
Atualização:

Bestia, o curta chileno indicado ao Oscar, é baseado na vida de Ingrid Olderöck, agente da ditadura de Augusto Pinochet que se dedicou a "violar a alma" das mulheres, torturando-as sexualmente com cães treinados, disse à AFP seu diretor, Hugo Covarrubias.

Material utilizado na gravação do curta-metragem chileno 'Bestia', que concorre ao Oscar em 2022 Foto: Martin Bernetti/AFP

Com a indicação na categoria de melhor curta de animação, Bestia é a décima terceira produção chilena a alcançar esse patamar em Hollywood. 

Antes disso, ganhou o festival de Clermont-Ferrand, o mais relevante em curtas-metragens; o Festival Internacional de Animação de Annecy e o Festival Internacional de Cinema de Guadalajara.

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Quem foi Ingrid Olderöck? 

Ela foi uma pessoa que encarnou o mal e reinou no Chile durante a ditadura. Ela é um elemento que trabalhou para as esferas de poder da ditadura. Como mulher, ela realizou uma tarefa que era treinar mulheres para torturar mulheres. 

Uma pessoa que se dedica a violar almas como ela obviamente deve ter tido sua alma violada em algum momento. Olderöck tinha muitos desvios mentais, ela era uma mulher muito paranoica, cheia de traumas que constantemente tentava se validar.

Qual é o papel do cachorro de Olderöck no curta-metragem? 

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No curta, um dos aspectos que queríamos abordar é a relação íntima com o cachorro dela. Ela tinha três cachorros, mas no curta nós 'dramatizamos' essa parte porque queríamos mostrar o cão mais importante , o Volodia, e pouco a pouco é revelado o que ela faz com o cão. Na realidade, o que ela fez foi treinar cães para cometer tortura, principalmente para estuprar mulheres.

Por que você decidiu filmar no formato Stop Motion? 

Trabalho nesta técnica desde 2005, basicamente é o que sei fazer. Gostamos porque há um componente plástico, manual e analógico que nos permite gerar mundos que seriam muito difíceis de criar digitalmente. Utilizamos escalas miniaturas feitas de papelão e personagens de 25 centímetros feitos de aço articulado, tecido e poliuretano. 

Diretor de 'Bestia', Hugo Covarrubias,em seu estúdio em Santiago, no Chile, em foto de 17 de fevereiro de 2020 Foto: Martin Bernetti/AFP

Por que você acha que Bestia conseguiu conquistar o público no exterior? 

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Bestia se destaca pelo tema, pela estética, pela forma como esse tema político é trabalhado. Também pelo gênero, um thriller psicológico e político que acabou sendo um curta bem diferente dos demais, o que não termina com um final feliz; nesse sentido também é diferente do resto, é bastante cru e poderoso.

O que uma indicação ao Oscar significa para você? 

Ser indicado ao Oscar é muito importante porque dá mais credibilidade ao seu filme e obviamente abre portas para uma carreira como diretor de cinema e para a equipe. Mas o mais importante é o assunto que está sendo falado e as pessoas que sofreram esse tipo de assédio. 

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