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Bem-vistos, filmes de 2015 compõem um fiel retrato da América

Ano fica livre daqueles ridículos blockbusters premiados no passado

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Tomando apenas os oito concorrentes a melhor filme, fica a impressão de um Oscar 2015 de boa qualidade, embora não excepcional. Não há, entre eles, nenhum filme de exceção, embora Boyhood se destaque por sua proposta original, a de acompanhar o mesmo elenco durante os 12 anos de trabalho. Birdman e O Grande Hotel Budapeste, com mais indicações do que Boyhood, são ok. Não será nenhum escândalo se qualquer um dos três levar a estatueta principal. Pelo menos, 2015 fica livre de antemão daqueles ridículos blockbusters premiados no passado. 

Por outro lado, os indicados fornecem um interessante retrato da sociedade norte-americana atual. Selma revive uma página interessante da luta pelos direitos civis, enquanto o azarão Sniper Americano reativa os sentimentos patrióticos e militaristas do país. Tudo a ver com os EUA contemporâneos e suas tensões irresolvidas. Whiplash, apesar de suas inúmeras virtudes, transforma a música em competição - valor maior da sociedade que representa e sede, talvez, das tensões acima mencionadas. Examinar com olhos de raio X as entranhas ideológicas desses filmes pode ser extremamente esclarecedor. É serviço que o cinema, e esse prêmio midiático, prestam ao público, nem sempre atento para essas oportunidades. 

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Por exemplo, Stephen Hawking e Alan Turing, heróis de A Teoria de Tudo e O Jogo da Imitação, fizeram coisas notáveis, em condições muito difíceis. O que foram essas coisas notáveis, o público não sabe. E continuará sem saber. Mesmo porque o que fizeram e pensaram esses gênios é o que menos importa para a mentalidade contemporânea. Interessa que são famosos, ou deveriam ser. 

A qualidade sobe de maneira exponencial na única fresta concedida pelo Oscar ao resto do mundo - a categoria de filme estrangeiro. Três pesos pesados, Ida (Polônia), Leviatã (Rússia) e Timbuktu (Mauritânia), disputam o troféu. 

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