Beleza de "Herói" ganha as telas brasileiras

Um espetáculo para os olhos, épico de Zhang Yimou mostra como o rei de Qin tornou-se o primeiro imperador da China, no século 3.º

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Por Agencia Estado
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Dois anos depois de passar no Festival de Berlim, Herói, de Zhang Yimou, entra em cartaz amanhã no Brasil. Belo é a melhor definição para o épico de artes marciais de Zhang Yimou, diretor de clássicos como O Sorgo Vermelho, Lanternas Vermelhas e Qiu Ju. Neste filme, Yimou retrocede quase 2 mil anos para mostrar como o rei de Qin, no século 3.º, submeteu as monarquias rivais para se tornar o primeiro imperador da China (e construir a Grande Muralha). Mas não é ele o herói do título. Como Akira Kurosawa em Rashomon - e, antes dele, Orson Welles em Cidadão Kane -, o diretor narra sua história por meio de flash-backs. O rei recebe um oficial de província e ele é interpretado por ninguém menos do que Jet Li, o maior de todos os lutadores do cinema atual. Esse personagem, Sem Nome, acaba de eliminar os assassinos que ameaçavam o reino e agora conta como enfrentou (e venceu) inimigos tão poderosos quanto Céu, Espada Quebrada e Neve Que Voa, representados por figuras míticas do cinema asiático, Donnie Yuen, Tony Leung e Maggie Cheung. Cada versão é narrada de maneira diferente, não apenas do ponto de vista da cor, mas também da própria encenação das lutas. Vários estilos se cruzam nos ares, já que na maioria das lutas, esplendidamente realizadas e filmadas, os oponentes estão sempre voando, enquanto se desferem os golpes. Em seus spaghetti westerns, o diretor italiano Sergio Leone encenava seus tiroteios como óperas. Zhang Yimou, seguindo o que não deixa de ser uma tendência do gênero, filma as lutas como se fossem coreografias. O resultado é grandioso, especialmente em dois combates de cortar o fôlego - o que se trava entre Maggie Cheung e Zhang Ziyi entre as folhas de outono que caem das árvores e o outro, mais lírico ainda, travado sobre as águas de um lago. Deslumbrante como é, Herói abriu perspectivas para o cinema de Yimou e o grande diretor realizou, a seguir, O Clã das Adagas Voadoras, sensação no Festival de Cannes do ano passado, aplaudido de pé pelo presidente do júri, Quentin Tarantino - que não pôde premiá-lo porque o filme passou fora de concurso. O Clã, que é ainda melhor que Herói, estréia por aqui no dia 8.

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