Baixa qualidade marca os filmes em Gramado

Com exceção do cubano Suite Habana, de Fernando Pérez, os filmes do 32.º Festival de Gramado chamam atenção pela pobreza de idéias

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Por Agencia Estado
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Com exceção do cubano Suite Habana, de Fernando Pérez, os filmes do 32.º Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino andam de mal a pior. Curtas e longas equiparam-se na pobreza de idéias e, quando têm idéias, elas são no mínimo discutíveis. Foram exibidos mais três curtas na quarta-feira à noite. Só um fica na lembrança. Messalina, de Cristiane Oliveira, conta a história de uma garota cega que atende a um telefonema na rua. É um cara que procura a mulher que oferece serviços sexuais num anúncio de jornal. A cega assume o papel. Libera fantasias sexuais que talvez nem julgasse existir. A diretora diz que seu desafio foi expressar o imaginário sexual, tão calcado na imagem, do ponto de vista de alguém que não enxerga. Fez um filme muito interessante. Luiz Inácio Lula da Silva vem mesmo ao Rio Grande do Sul no fim de semana e a expectativa é de que o presidente suba a serra para prestigiar o festival. Se Lula vier mesmo, não haverá como fugir ao tema da Ancinav, a Agência do Cinema e do Audiovisual, que vem sendo discutida nos bastidores do festival. Ontem, após o debate surgido no seminário promovido pela Motion Pictures Association dos Estados Unidos, que critica o projeto, estava marcada uma reunião fechada de Carlos Eduardo Oliveira, diretor da Globo Filmes, com o produtor Luiz Carlos Barreto: na pauta, o papel que a Globo vai desempenhar na discussão sobre a criação e formatação da Ancinav. Por sua vez, em conversa com o Estado, Sérgio Sá Leitão, assessor especial do Ministério da Cultura, voltou a insistir que o projeto apresentado tem caráter econômico e que em nenhum momento se discutiu um possível controle ou interferência, por parte do governo, no conteúdo das produções. Leitão tem um encontro marcado, amanhã, com diretores e jornalistas para "esclarecer mal-entendidos com relação à questão". Na quarta, foram exibidos dois longas, um brasileiro, o outro português. O longa português chama-se O Fascínio e é uma adaptação do livro do escritor gaúcho Tabajara Ruas. Transpõe para a fronteira entre Portugal e Espanha, durante a Guerra Civil, um episódio que remonta à degola de soldados durante a Guerra dos Farrapos. O filme mostra um filho que manipula pai e mãe para ficar com a propriedade que o velho herdou. Fonseca e Pinto é um veterano com 40 anos de carreira. Se tem todo este tempo de currículo, ele prova que não lhe serviu para aprender grande coisa. O longa brasileiro foi Procuradas, produção de Santa Catarina, com direção de José Frazão e Zeca Pires. Duas garotas de programa desaparecem durante passeio de barco com os clientes. Uma diretora que realiza documentário sobre a prostituição de alto nível em Floripa une-se à irmã de uma delas para investigar o caso. O filme é uma ficção travestida de documentário. Se Procuradas fica na lembrança, é porque Frazão e Pires reuniram um elenco de mulheres bonitas para ninguém botar defeito. Paula Burlamaqui, uma das desaparecidas, despe-se diante da câmera e encara um nu frontal, numa cena supostamente de grande dramaticidade.

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