No novo filme do italiano Giuseppe Tornatore ("Cinema Paradiso"), "Baaria - A Porta do Vento", estão todas as assinaturas, manias e clichês do diretor - para o bem e para o mal. Apesar das quase três horas de duração, o filme parece apressado, soa como uma versão condensada daquelas novelas italianas de Benedito Rui Barbosa. A narrativa transcorre com atropelos, sem permitir um tempo orgânico para o desenvolvimento dos episódios. O filme, roteirizado pelo diretor, traz traços autobiográficos e acompanha algumas décadas na vida de um personagem, Peppino Torrenueva, tendo como pano-de-fundo conturbações políticas e sociais na Itália. Nas ruas da cidade de Bagheria - chamada de Baaria no dialeto local - o "bambino" brinca com coleguinhas. A primeira meia-hora de filme, serve mais para apresentar a cidade, seu folclore local, suas nuances e esquisitices. Quando "Baaria" acompanha a adolescência de Peppino, Tornatore começa a colocar a trama no trilho e acompanha o despertar amoroso do personagem e a sua filiação ao partido comunista. Agora, interpretado por Francesco Scianna, o personagem se apaixona por Mannina (Margareth Made), com quem viverá por décadas, depois de alguns contratempos que atrapalham o romance, mas fortalecem a relação.