Atriz diz que foi enganada para fazer filme sobre Maomé

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Por ALEX DOBUZINSKIS
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As origens de um filme anti-islâmico que provocou protestos violentos no Egito e na Líbia começaram a aparecer aos poucos e uma atriz da produção da Califórnia disse que foi enganada e não sabia que a gravação era sobre o profeta Maomé. Cindy Lee Garcia, de Bakersfield, Califórnia, que aparece brevemente em clipes do filme postados na internet, disse que respondeu a uma convocação de elenco no ano passado para aparecer em um filme intitulado "Guerreiro do Deserto". "Parece tão irreal para mim, é como se nada do que filmamos estivesse ali. Havia todo este material estranho lá", disse Garcia à Reuters em uma entrevista por telefone. Clipes do filme, postado no YouTube sob vários títulos, incluindo "A Inocência dos Muçulmanos", mostraram uma retratação do profeta muçulmano envolvido em comportamento bruto e ofensivo. Muitos muçulmanos consideram qualquer representação do profeta como blasfêmia. Os clipes haviam sido postados online semanas antes das violentas manifestações de terça-feira na embaixada dos EUA no Cairo e no consulado em Benghazi, na Líbia, em que o embaixador dos EUA para a Líbia, Christopher Stevens, e outros três norte-americanos foram mortos. Os norte-americanos morreram depois que homens armados atacaram o consulado dos EUA e um refúgio seguro em Benghazi, em um ataque que autoridades do governo dos Estados Unidos disseram na quarta-feira que pode ter sido planejado com antecedência. Os agressores faziam parte de uma multidão culpando os EUA por um filme que eles afirmam ter insultado o profeta Maomé. Garcia disse que o filme foi rodado no verão de 2011 dentro de uma igreja perto de Los Angeles, com os atores encenando em frente a uma "tela verde", usada para colocar imagens de fundo. Cerca de 50 atores estiveram envolvidos, segundo ela. Uma convocação de elenco antiga no site Backstage.com listava um filme chamado "Guerreiro do Deserto", descrito como "um filme de aventuras histórico no deserto árabe" e de baixo orçamento. Nenhum dos personagens foi identificado na convocação como Maomé. "Eles me disseram que era baseado em como era há 2.000 anos no tempo do Senhor", disse Garcia. CINEASTA Vários noticiários dos EUA haviam informado na terça-feira que o filme foi produzido por um homem que se identificou como um incorporador imobiliário israelense-americano, Sam Bacile. Ele havia dito aos órgãos de comunicação que o filme custou 5 milhões de dólares, sendo parte paga por cerca de 100 doadores judeus. A Reuters não pôde confirmar de forma independente a responsabilidade dele sobre o filme, ou mesmo que Bacile era seu nome verdadeiro. Ele também não pôde ser localizado para comentar. O anúncio no Backstage.com lista um homem de nome similar, Sam Bassiel, como produtor, enquanto o diretor foi citado como Alan Roberts. Roberts não pôde ser imediatamente localizado pela Reuters. Steven Klein, um homem do sul da Califórnia no ramo de seguros, que se descreveu como consultor e porta-voz do projeto --mas não o cineasta-- disse acreditar que o nome era um pseudônimo. "Eu me encontrei com ele duas vezes, eu não sei de que país ele é. O que eu sei é que ele não é um judeu israelense e posso apenas imaginar que ele soltou isso para proteger a sua família, que eu sei que está no Oriente Médio", contou Klein à Reuters em uma entrevista em frente à sua casa, em Hemet, na Califórnia. Klein, que se descreveu como um ex-fuzileiro naval dos EUA, disse que aconselhou o cineasta a se esconder.

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