11 de setembro de 2016 | 05h30
Robert De Niro e Al Pacino revelaram segredos da filmagem de Fogo Contra Fogo (Heat), o clássico de Michael Mann ao qual a Academia de Hollywood fez um tributo sob a direção do britânico Christopher Nolan – que não hesitou em classificar o filme de “obra-prima” e “clássico americano”.
A maior revelação veio de Al Pacino, que finalmente admitiu o que se suspeitava: Vincent Hannah, o feroz detetive da polícia de LA que ele interpretava, vivia “até o pescoço” de cocaína. “Acho que nunca disse isso em público. Guardei por 20 anos”, explicou o ator no lotado Teatro Samuel Goldwyn, de Beverly Hills. “Sempre quis contar, para todos saberem de onde vinha aquele comportamento.”
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Já De Niro disse que a famosa cena na qual seu personagem, o cerebral ladrão Neil McCauley toma café com o personagem de Al Pacino no já desaparecido restaurante Kate Mantillini, de Beverly Hills, foi rodada à 1 da manhã e exigiu cerca de 20 tomadas. “É uma cena que adoro e quis que tudo saísse o melhor possível”, lembrou.
Mann acabou se decidindo pela tomada número 11. “As coisas só saem perfeitas uma vez. Ninguém consegue repetir a magia”, afirmou o diretor.
Depois de exibição do longa, Nolan abriu o debate, assegurando que o filme é um dos que mais influenciaram sua carreira e a de muitos cineastas, especialmente “pela beleza atemporal das imagens” e pelas técnicas “extremamente ousadas” com que Mann filmou, em 1995.
“O estrondo das armas na cena do tiroteio em Los Angeles é algo que ainda não foi igualado”, garantiu o diretor de Batman – O Cavaleiro das Trevas, destacando ainda a fotografia de Dante Spinotti, que “capturou a luz da cidade de uma forma moderna e extraordinária”.
À conversa com De Niro, Pacino e Mann se juntaram depois os atores Amy Brenneman, Val Kilmer, Diana Venora e Mykelti Williamson, além do diretor de fotografia Dante Spinotti e o montador William Goldenberg.
Mann lembrou que o roteiro é baseado na história real do bandido Neil McCauley, assassinado em 1963 por seu amigo detetive Charlie Adamson, dois homens que, apesar de estarem em polos opostos da lei, admiravam-se e respeitavam-se pelo profissionalismo com que cada um trabalhava. Segundo o diretor, o filme propôs um desafio ao espectador: venceria o detetive loquaz de Pacino ou o taciturno ladrão romântico de De Niro? O grande atrativo de Heat foi reunir dois dos atores mais carismáticos e respeitados do cinema americano.
“Conheço Bob a vida toda e o admiro. Essa relação alimentava nossos personagens. Na verdade, nunca se sabe se vamos acertar em cheio. Felizmente, acertamos”, lembrou Pacino. E De Niro: “Sabia que Heat era especial desde que li o roteiro”.
Anteriormente, os dois atores participado juntos de O Poderoso Chefão 2 (1974), mas sem compartilhar cenas, já que Pacino interpretava Michael Corleone e De Niro fazia o pai dele, Vito, numa volta no tempo.
Depois de Heat, De Niro e Pacino voltaram a atuar juntos em As Duas Faces da Lei (2008). Comenta-se agora que Martin Scorsese voltará a uni-los no filme de gângsteres The Irishman. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ
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