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"As Duas Torres" chega às telas brasileiras

A aguardada continuação de A Sociedade do Anel estréia nesta sexta no Brasil. Ao contrário das seqüências tradicionais, esta consegue ser superior ao filme original Veja galeria de imagens do filme

Por Agencia Estado
Atualização:

No começo do mês, horas antes de embarcar para Paris, onde daria uma folga à sua fama de caladão para promover a segunda parte da trilogia de O Senhor dos Anéis, o cineasta neozelandês Peter Jackson ofereceu à reportagem do Estado uma prévia do discurso que provavelmente fará no ano que vem, quando a farra Tolkien chegar ao fim. "O Retorno do Rei, o terceiro episódio e que estou começando a editar agora, vai ser o meu filme favorito; mas nem ele nem a primeira parte chegaram perto do nível de dificuldades que enfrentamos para concluir o miolo dessa trilogia, de longe a mais intrincada história das três." As Duas Torres, a aguardada segunda continuação de A Sociedade do Anel, que estréia hoje no Brasil, foi lançada nos cinemas americanos há pouco mais de uma semana. O público mostrou que ainda continua ávido pelo O Senhor dos Anéis e depositou na bilheteria, até o fim do quinto dia de exibição, a fabulosa soma de US$ 105 milhões. Além do status de cult que essa produção vem ganhando desde o começo das suas filmagens na Nova Zelândia há três anos, da milionária campanha publicitária conduzida pelo estúdio New Line Cinema e da excelente performance do filme no último Oscar (13 indicações, quatro estatuetas conquistadas), As Duas Torres contou com ajuda extra desta vez: a reação pra lá de positiva da crítica especializada. O que vinha se especulando nos últimos meses foi comprovado na semana passada: Jackson transformou As Duas Torres numa espécie de Poderoso Chefão 2, ou seja, ela é superior ao original. Como reza a cartilha de uma continuação em Hollywood, a segunda cria, geralmente, nasce mais lúgubre que o primogênito. "As Duas Torres é um filme mais sombrio, pois essa é a natureza latente das histórias seriadas: aprofundam-se os demônios internos dos personagens para que o desenlace possa surgir apoteótico", explica Jackson. Novos personagens são também de praxe em continuações cinematográficas e existe uma porção deles em As Duas Torres, a maior parte vinda do núcleo do Rei Théoden (Bernard Hill). Entre eles estão Éowyn, sobrinha do monarca e interpretada por Miranda Otto; seu primo, o guerreiro Eomer (o neozelandês Karl Urban); e o vampiresco Wormtongue (Brad Dourif), o temível e traiçoeiro conselheiro da corte. "Quando decidi fazer um teste para Peter, sabia que estava concorrendo com centenas de atrizes", explica Miranda. "Mas, no fundo, por ser australiana, achei que poderia ter uma chance extra", conclui a atriz que competiu com 1,1 mil candidatas testadas em Los Angeles, Nova York, Londres e Sydney. Mas não são só personagens de carne e osso que surgem nessa segunda parte. Treebeard, uma gigantesca árvore que anda e fala e tem a imponente distinção de ser a mais antiga criatura viva da Terra-Média, faz sua estréia no filme. Já Gollum não chega a ser uma novidade. O horripilante ser diminuto, que manteve a posse do anel sagrado por vários séculos, já havia feito uma breve aparição em A Sociedade do Anel, mas em As Duas Torres ele brilha como ninguém ao dividir a cena com Frodo (Elijah Wood) e seu fiel companheiro Sam (Sean Astin). Assim como Shirley Temple uma vez conseguiu um Oscar especial pelo fato de ser criança, Gollum também merecia uma estatueta por abrir um novo campo de atuação no cinema. Os movimentos do monstrengo foram criados pelo ator inglês Andrew Sirkis, que sempre vestia um macacão de lycra azul-marinho com bolinhas brancas mapeando vários pontos de seu corpo, que era filmado e depois escaneado no computador para ganhar nova anatomia. "Gollum é um fofo. Mesmo sendo uma peste na última parte da trilogia, ele é, para mim, o melhor personagem criado por Tolkien", derrete-se a atriz Liv Tyler. Liberdades ? Embora apareça somente nos 45 minutos finais, a presença de Liv ? que interpreta Arwen, a bela elfa que abdicou do dom da imortalidade pelo amor do guerreiro Aragorn (Viggo Mortensen) ? não era propriamente esperada em As Duas Torres. "Mesmo que o livro de Tolkien tenha funcionando como uma espécie de bíblia sagrada para nós, tivemos de tomar algumas liberdades nessa segunda empreitada", explica Phillippa Boyes, que juntamente com Jackson, Fran Walsh e Stephen Sinclair assina o roteiro dos três filmes. "Ao ampliarmos o romance de Arwen com Aragorn, fomos buscar estofo no apêndice que Tolkien criou após finalizar sua obra", explica a roteirista. Outra liberdade foi a ampliação da imponente e sanguinária batalha do abismo de Helm, que deixou de ser apenas ação descrita num punhado de páginas do segundo livro de Tolkien para tornar-se importante parte da adaptação de Jackson. "Acredito que alguns fãs vão chiar e outros vão entender a escolha de Peter", explica o protagonista da trilogia, Elijah Wood. "Ele (Peter) tentou capturar o máximo possível de As Duas Torres, mas, convenhamos, esse sempre foi o menos "filmável" de todos os três tomos." Para encerrar sua obra ainda inconclusa (O Retorno do Rei, a última parte da trilogia, estréia daqui um ano), Jackson, com o compositor canadense Howard Shore (vencedor do último Oscar), escolheu uma cantora que vai deixar muita gente esperando até as últimas linhas do longuíssimo crédito final para confirmar se realmente Björk foi chamada para substituir Enya, que criou a canção de A Sociedade do Anel. Apesar de ter um timbre assustadoramente igual ao da cantora islandesa, a intérprete da bela e triste Gollum?s Song é Emiliana Torrini. "Foi uma comoção por entre minha família quando fui convidada para cantar o tema de As Duas Torres", comentou Emiliana. "Meus primos querem saber se vou ter algum acesso especial a um DVD com mais extras que os vendidos por aí atualmente."

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