As cores e a paixão de Frida Kahlo

O filme Frida, que estréia nos cinemas brasileiros, é o resultado de um esforço de muitos anos da atriz mexicana Salma Hayek, candidata ao Oscar pelo papel da pintora que é um ícone latino-americano

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Por Agencia Estado
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Julie Taymor não vacila: "Não é porque sou a diretora de Frida, mas defenderei até a morte que Salma Hayek deveria ter recebido o Oscar de melhor atriz". Nada contra Nicole Kidman, que lhe parece boa. "O problema com Nicole é que eu acho que, com todas aquelas piadas, lhe deram mesmo o prêmio pelo nariz." E Julie acrescenta, numa entrevista por telefone: "Ela deveria ter concorrido e até vencido como coadjuvante. Seu papel é pequeno, por mais que a sombra de Virginia (Woolf) se projete sobre as histórias de As Horas. Salma, pelo contrário, está sempre presente em Frida e o filme ainda exigiu grande esforço físico por parte dela." Frida é resultado de um esforço de muitos anos da atriz mexicana que começou nas telenovelas em seu país, ganhou projeção internacional com o sucesso de O Beco dos Milagres, de Jorge Fons, no Festival de Berlim, e foi parar em Hollywood, integrada à trupe de Quentin Tarantino. Em 1995, Salma já anunciava que seu sonho era contar a história da pintora Frida Kahlo, amante de Diego Rivera e, ela própria, figura importante da arte latino-americana. Frida foi uma personagem singular: teve poliomielite na infância e sofreu um acidente que lhe deixou seqüelas físicas devastadoras. Isso não a impediu de virar uma sedutora de homens e mulheres. "A própria Frida dizia que aquele não foi o acidente que mais marcou sua vida; este, na verdade, foi o romance com Rivera." Foi a história de amor que cativou Julie Taymor, diretora consagrada na Broadway, onde fez o musical O Rei Leão. "É uma história linda. Amavam-se, mas eram grandes artistas e sentiam que não deviam cercear sua necessidade de emoções. Um traía o outro, mas eram, no fundo, traições consentidas." A história de amor foi a motivação. O desafio foi expressar na tela o mundo complexo de uma pintora. "O visual desse filme foi muito elaborado, nada nele é fruto do acaso." Quanto a Caetano Veloso, na trilha, Julie não tem outra definição: "Virou um amigo. Precisava de uma voz linda, afinada. Você conhece outra?"

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