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Aronovich será homenageado em São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

Edgar Moura, Dib Lutfi, Afonso Beato, Walter Carvalho, Marcelo Durst, Breno Silveira. O Brasil pode não dispor da tecnologia de efeitos especiais de Hollywood, mas possui diretores de fotografia tão bons e até melhores dos que os grandes do cinema americano. Há até uma piada segundo a qual Hollywood só inventou a steadycam porque os câmeras de lá não tinham a mão tão firme quanto Lutfi. Brincadeiras à parte, os diretores de fotografia brasileiros são 10. Ou você acha que é por acaso que Pedro Almodóvar gosta de filmar com Afonso Beato e que Ricardo Aronovich vem levando uma importante carreira internacional? Aronovich estará amanhã em São Paulo, a convite da organização do Prêmio ABC de Cinematografia. À noite, fará palestra aberta ao público no Museu da Imagem e do Som. A partir de sexta-feira, e até domingo, também no MIS, um miniciclo vai exibir três filmes que estão entre os mais representativos que fotografou: A Família, de Ettore Scola, O Tempo Redescoberto, de Raoul Ruiz, e São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person. Na segunda, participará da entrega do Prêmio ABC de Cinematografia, uma iniciativa até agora inédita no País e que vai escolher a melhor direção de fotografia em cinco categorias: longa, publicidade, televisão, viodeoclipe e curta-metragem. Ele pode não ter nascido no Brasil (é argentino) e há mais de 20 anos também não mora mais aqui (radicou-se na França). Mas Aronovich é um diretor de fotografia brasileiro, no sentido de que ele próprio considera os seis ou sete anos que passou aqui, nos 60, mais decisivos para sua formação humana e profissional que os quase 30 na França. Aronovich já trabalhava no cinema argentino quando foi convidado por Ruy Guerra a fotografar, no Brasil, um filme que se tornou clássico - Os Fuzis. Ruy Guerra acha que a contribuição de Aronovich foi decisiva para o aprimoramento da fotografia no cinema brasileiro dos anos 60, a época do Cinema Novo. E isso não apenas pela luz do Nordeste, que ele soube captar tão bem na tela, fotografando Os Fuzis no mesmo ano (1963) em que Luiz Carlos Barreto ´inventava´, para Nelson Pereira dos Santos, a luz genial de Vidas Secas. Nada de filtros, nada de glamourização da imagem. Pelo contrário. Vidas Secas e Os Fuzis colocam na tela uma luz sob medida para expressar a pobreza, a miséria social. Essa luz foi muito importante, mas Aronovich também foi um aglutinador, na época do Cinema Novo. Formou profissionais - como o próprio Afonso Beato, que foi seu assistente em Os Fuzis. Com o endurecimento do regime militar brasileiro, o golpe dentro do golpe, com a a edição do Ato Institucional n.º 5 foi fotografar na França. Lá ficou, trabalhando com grandes como Scola, Ruiz, Louis Malle e Alain Resnais. Aronovich não é fácil. Considera-se tão autor como qualquer diretor com quem trabalhou. Não é só um técnico altamente qualificado. É um artista, um poeta da luz. Terá muito para contar na palestra desta noite. Mostra Ricardo Aronovich. Amanhã, palestra às 20 horas. Sexta-feira, às 19 horas, e domingo, às 21 horas, exibição de São Paulo S/A; amanhã, às 21 horas, e sábado, às 19 horas, A Família; sábado, às 21 horas, e domingo às 17 horas, O Tempo Redescoberto. Entrada franca. MIS. Avenida Europa, 158, tel. 3062-9197.

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