
10 de junho de 2009 | 11h06
Um jovem casal em crise e a um passo da separação tem muito o que conversar na comédia dramática "Apenas o Fim", que estreia quinta-feira em São Paulo e no Rio, depois de uma bem-sucedida passagem pelos Festivais do Rio e a Mostra de São Paulo em 2008 - em ambos, vencendo o prêmio do público.
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Apenas o Fim é um filme feito por estudantes de cinema de uma universidade carioca. O baixo orçamento, no entanto, não é obstáculo. Pelo contrário, é o que dá energia para o roteirista e diretor Matheus Souza encontrar soluções criativas. O grande trunfo do longa é saber exatamente onde estão as suas limitações e ir para o lado oposto, investindo em diálogos bem-sacados, humor e no elenco.
Em cena, basicamente, estão apenas Érika Mader e Gregório Duvivier - que já haviam trabalhado juntos em Podecrer! (2007). Eles formam um casal de universitários em crise. Na verdade, ela diz que vai abandoná-lo e sair em busca de algo que a complete, embora ele insista para que ela fique. Antes dessa despedida, o rapaz tem uma hora para tentar a última conversa.
Apenas o Fim é isso, a última conversa desse casalzinho a um passo de deixar de existir. Os dois andam pelo campus da faculdade onde estudam e relembram a relação que tanto os transformou. Entre um diálogo e outro, surgem na tela, em preto e branco, conversas passadas do casal.
Se as comédias de Woody Allen e Domingos Oliveira são uma referência para Apenas o Fim, os primos de primeiro grau do longa, na verdade, são Antes do Amanhecer (1995) Antes do Pôr-do-Sol (2005), ambos de Richard Linklater - nos quais um casal conversa sobre o seu relacionamento e o mundo que os cerca, pelas ruas de Viena e Paris, respectivamente.
Apenas o Fim comunica-se mais facilmente com um público jovem, que terá, em princípio, mais referências para entender uma discussão envolvendo Pokémons, Vovó Mafalda e Super Mario Bros ("Ridículo é controlar uma dupla de encanadores fofinhos", diz o rapaz provocando a ex-namorada).
Mas, ao falar das dores e alegrias de amar e perder, o enredo acaba extrapolando a barreira da idade e dialogando com todos os públicos. Frases de efeito abundam ao longo de "Apenas o Fim", mas nenhuma delas soa forçada.
A câmera solta acompanhando os personagens e a luz natural dão uma leveza ao filme, cujo humor serve como disfarce para a profunda melancolia da história - afinal, essa é a crônica de um fim de caso. O único porém está nas trucagens na imagem - como uma TV fora do ar - para anunciar que o passado entra em cena. São artifícios desnecessários que destoam do restante do filme. As cenas podiam muito bem acontecer sem esse recurso. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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