Diretor há 40 anos - Os Senhores da Terra é de 1970 -, o mineiro Paulo Thiago raramente se aventurou pelo universo da religião, embora num determinado momento tenha acalentado o sonho de adaptar A Menina de Lá, de Guimarães Rosa, que terminou integrado por Nelson Pereira dos Santos, com outros contos do escritor, ao projeto de A Terceira Margem do Rio. Thiago define-se como ateu, mas, ultimamente, a mulher - Gláucia Camargos, sua parceira na arte e na vida - e ele deram de sonhar com um grande filme popular, daqueles que arrebatassem multidões. Pensaram no futebol, optaram pela religião. Thiago não dirige, só produz.Como a tradição religiosa mineira é indesligável do catolicismo - com todas aquelas igrejas barrocas -, ambos, marido e mulher, se voltaram para a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. E fizeram Aparecida - O Milagre, que estreia nesta sexta-feira em mais de 300 salas. Num ano marcado por grandes sucessos de público do cinema brasileiro - Tropa de Elite 2 à frente -, a expectativa é de que Aparecida feche 2010 cravando mais alguns milhões de espectadores. O filme é a reação católica à onda espírita de Chico Xavier e Nosso Lar? Parece óbvio pensar que assim seja, mas Thiago, mesmo destacando a importância que foi o apoio da Igreja Católica, tenta desvincular Aparecida do conceito de filme religioso.