Aos 65 anos, Meryl Streep é puro charme e glamour

Atriz comemora aniversário em plena forma

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Por Luiz Carlos Merten
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Ela agradece até hoje à produtora de elenco que a recomendou para Júlia. Quando chegou a Londres, para ser testada, o diretor Fred Zinnemann já havia escolhido outra para o papel, mas algo chamou a tenção na aspirante a atriz, porque propôs a Meryl Streep – é dela que estamos falando – um papel menor, só para que ela ficasse por ali. Meryl aceitou. Anos mais tarde, confessou que teria sido louca, se perdesse a oportunidade de permanecer num set com Jane Fonda e Vanessa Redgrave. Jane foi solidária. Deu-lhe dicas de como atuar para a câmera. Meryl Louise Streep nasceu em 22 de junho de 1949 em Summit, New Jersey. Isso significa que neste domingo completa 65 anos. A mãe era comerciante de artes e editava uma revista especializada. O pai era executivo da indústria farmacêutica. A família é de origem alemã e Meryl, decidida a se tornar atriz, graduou-se numa escola de elite – o Vassar College, em 1971. Fez mestrado na Universidade Yale e lá participou de uma montagem de Sonhos de Umas Noite de Verão, de Shakespeare. A estreia no teatro profissional foi com Trelawney of the Wells, em 1975. Dois anos depois, estava na TV, no telefilme The Deadliest Season e, no mesmo ano, estreou também no cinema, com Júlia. Tudo ocorreu rapidamente, depois. Em 1978, fez um papel importante em O Franco-Atirador, de Michael Cimino, e o filme ganhou os principais Oscars do ano. No ano seguinte, foi melhor coadjuvante – o primeiro prêmio da Academia – por Kramer Versus Kramer, de Robert Benton, e o filme também recebeu uma chuva de Oscars. Em 1982, foi melhor atriz por A Escolha de Sofia, de Alan J. Pakula. Ao longo dos anos, tornou-se recordista de indicações para o prêmio da Academia – foram 18, superando verdadeiras instituições da arte de representar nos EUA, como a lendária Katharine Hepburn. Em 2011, ganhou o terceiro Oscar, e o segundo de protagonista, por sua interpretação como Margaret Thatcher em A Dama de Ferro. No começo de sua extraordinária carreira, alguns críticos ironizavam o fato de Meryl carregar nos sotaques para caracterizar suas personagens. Polonesa em Sofia, inglesa (britânica) em A Mulher do Tenente Francês, de Karel Reisz, dinamarquesa – a baronesa Karen Blixen, que virou a escritora Isak Dinesen – em Entre Dois Amores, italiana em As Pontes de Madison, de Clint Eastwood, irlandesa em Ironweed, de Hector Babenco etc. Meryl sempre achou que, para servir a suas personagens, não poderia falar como ela mesma. Sobre a facilidade para recriar sotaques, é sucinta – "Eu ouço."

Meryl Louise Streep nasceu em 22 de junho de 1949 em Summit, New Jersey Foto: AP

Além do teatro e do cinema, possui respeitável discografia. Cantou em Silkwood – Retrato de Uma Coragem e Lembranças de Hollywoods, de Mike Nichols; em A Última Noite/A Praire Home Companion, de Robert Altman; e – claro – Mamma Mia!. Muitas atrizes de sua geração reclamam que o cinema ficou infantilizado e não oferece mais papeis a mulheres maduras. Meryl tem quebrado a escrita. Seus maiores sucessos de público são filmes que ela fez passada dos 40 anos. Em 1994, aos 45 anos, mostrou pela primeira vez que poderia carregar um filme sozinha – e o sucesso de O Rio Selvagem, de Curtis Hanson, em que pega em armas para defender a família, colocou-a no plano de Stallone, Schwarzenegger e outros fortões da tela. Meryl Streep não é modesta, mas é simples. Quando se conversa com ela, o que impressiona é a maneira como desmistifica o próprio sucesso. Diz sempre que não há nada que não se consiga com dedicação e trabalho. Gosta de se preparar para os papéis, mas depois segue seu instinto – e as indicações dos diretores. Não tem, como se diz, um temperamento difícil – e até já substituiu Madonna, que brigou com o diretor Wes Craven e se desligou do projeto de Música do Coração, em 1999. O curioso é que Madonna, anos antes, conseguiu convencer Alan Parker de que seria a Evita perfeita, tirando o papel que já era de Meryl. Se há coisa que gosta de fazer, é encarar um desafio. Adora uma dublagem, fez quatro papéis, incluindo um rabino velho, em Anjos da América – que seu amigo Mike Nichols dirigiu para TV – e se prepara para estrear o musical infantil da Disney, Into the Woods, que Rob Marshall. Vem mais cantoria de Meryl por aí.

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