
09 de agosto de 2019 | 11h35
Ela foi um anjo loiro que iluminou o firmamento de Hollywood nos anos 1960. Sharon Tate. Completam-se nesta sexta, 9, 50 anos do brutal assassinato da bela mulher de Roman Polanski. Sharon estava completando sua gravidez (oito meses e meio) e foi morta em casa, com amigos, por Charles Manson e seus adoradores do diabo, num ritual satânico. Quentin Tarantino volta-se para o trágico episódio em seu novo filme, Era Uma Vez... em Hollywood, que estreia na quinta, 15, nos cinemas brasileiros. Em Cannes, em maio, Tarantino bateu boca-boca com uma jornalista, na coletiva de seu filme. Ela o acusava de machismo porque Sharon, em Era Uma Vez..., não fala. É um sorriso que atravessa o filme. No máximo, diz duas ou três palavras. Tarantino irritou-se. Disse que a tal jornalista não entendera nada. Sharon, interpretada por Margot Robbie, é o sol.
Como já fizera em Bastardos Inglórios, com aquele atentado a Adolf Hitler no cinema, em Paris, Tarantino tenta corrigir essa outra história. Olha o spoiler! Leonardo DiCaprio, como o astro decadente, e Brad Pitt, seu dublê, são vizinhos do casal Polanski/Sharon. Fazem o que só a ficção hollywoodiana permite. Neste dia de luto – há 50 anos! -, vale voltar-se para a breve trajetória de Sharon Tate. Ela nasceu em 24 de janeiro de 1943, em Dallas, no Texas. Morreu aos 26 anos.
Sharon iniciou-se em pequenos papéis na TV. Fez testes para A Noviça Rebelde – seria uma das filhas do Barão Von Trapp – e para A Mesa do Diabo, de Sam Peckinpah. Embora recusada, impressionou o produtor Martin Ranshohoff, que investiu US$ 1 milhão na sua preparação. Sharon tornou-se conhecida em Hollywood como 'Million Dollar Babe'. Seus filmes:
Sharon faz jovem com poderes sobrenaturais que exerce uma influência maléfica sobre dono de terras e sua mulher. Embora tenha poucas falas, sua presença é crucial e ela sustenta o conflito com David Niven e Deborah Kerr – escolhida por sua participação no drama gótico Os Inocentes, de Jack Clayton. O filme foi rodado na Inglaterra e Sharon integrou-se ao clima de liberdade da chamada 'Swinging London'.
Como hoje é incorreto dizer que o filme é de humor negro, vamos dizer que se trata de uma comédia macabra. O próprio Polanski faz o secretário de um notório caçador de vampiros e se apaixona pela personagem de Sharon. O diretor não tinha muita paciência com elas. Rodou 70 vezes a mesma cena, gritou com ela no set, mas, no final, apaixonado, como o personagem, levou-a para viver com ele em Los Angeles. Sharon já tinha um namorado, na época, Jay Sebring. Tarantino insinua que chegaram a formar um trio. E, seja como for, Sebrinbg foi assassinado com ela, na chacina promovida pela família Manson.
Em março, uma matéria na Playboy anunciava que aquele seria o ano de Sharon. Nessa comédia hedonista passada na praia de Malibu, ela aparece o tempo todo de biquíni, exibindo um corpo não apenas perfeito, como sarado. Sua personagem enfeitiça Tony Curtis, e o ator de Quanto Mais Quente Melhor foi integrado ao entourage do casal Polanski/Sharon. À Playboy, ela disse que seu sonho seria tornar-se a Catherine Deneuve americana, que considerava uma atriz talentosa e versátil. Catherine, é bom lembrar, fizera Repulsa ao Sexo com Polanski, na Inglaterra. O curioso é que Não Faça Onda não fez sucesso de público nem de crítica, mas hoje é visto como um grande filme pouco valorizado de Mackendrick.
A adaptação do bestseller de Jacqueline Susann pelo veterano diretor de A Caldeira do Diabo mostra a trajetória de aspirantes a estrelas em Hollywood. O filme foi massacrado pela críticas, mas sobraram elogios para Sharon, que o Chicago Tribune definiu como 'maravilha de se olhar'. Ela faz a personagem Jennifer, que estrela um filme pornográfico – filmado, por Robson, no estilo de Roger Vadim – e se mata ao descobrir que tem câncer. As personagens sinistras marcaram a carreira da atriz, mas naquele ano ela realmente estava feliz. Casou-se com Polanski em janeiro de 1968.
Pouca gente se lembra, mas, nas pegadas do sucesso de 007, Hollywood produziu seus espiões – Flint, Matt Helm. Esse último era interpretado por Dean Martin, que tenta salvar a economia mundial – ameaçada por um traficante de barras de ouro – viajando para a Dinamarca, onde se envolve com Sharon. Ela faz uma guia atrapalhada, Freya. Foi o último filme de Sharon e ela foi treinada por Bruce Lee para suas cenas de artes marciais. Conta a lenda que os Polasnski hospedaram Bruce na Suíça e que Roman lhe deu o célebre macacão amarelo, que virou emblema – e Uma Thurman usa um igual em Kill Bill, de Tarantino. Duas das melhores cenas de Era Uma Vez... em Hollywood referem-se a Bruce Lee. 1) O dublê de Brad Pitt aplica um corretivo no astro de artes marciais, colocando em xeque suas habilidades; e 2) Margot, como Sharon, vai ao cinema e se diverte assistindo a suas cenas de lutas no Matt Helm. Foi o último filme lançado com ela ainda em vida.
A história de Sharon Tate será retomada por duas grandes produções neste ano. A primeira, já citada, é o filme Era uma vez...em Hollywood, de Quentin Tarantino.
A segunda temporada do seriado Mindhunter, dirigido por David Fincher, também deve abordar a história. Nos novos capítulos, investigadores tentam solucionar uma série de assassinatos de crianças negras e acabam encarando Charles Manson.
Encontrou algum erro? Entre em contato