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Anima pode se tornar bolsa de produções

Por Agencia Estado
Atualização:

Acompanhando o crescimento progressivo do festival Anima Mundi, que nessa sua 8º edição já bate recordes de público, os diretores do evento têm idéias instigantes para os próximos festivais. Principalmente no que diz respeito ao aspecto mercadológico do evento. Muitas novidades já apareceram esse ano mesmo. Recapitulando: está valendo o Anima Mundi Web, festival de animações feitas para Internet. As modalidades são Gif e Flash, e podem ser acessadas através do site oficial do evento. Os ganhadores recebem prêmios em dinheiro, além de terem suas animações exibidas na última sessão do festival. Em relação ao Anima Mundi Web, pretende-se fazer dele um festival com várias edições por ano, mantendo o sistema de votação on line. Este ano também surgiu a categoria longa-metragem, que não é competitiva, mas tem como função dar uma mostra desse promissor mercado de animação. No entanto a maior novidade do ano é a mostra O Que Vem Para TV, outra categoria não competitiva e também de cunho mercadológico, que mostra uma seleção de produções com altas chances de irem parar nas programações de tevê aberta ou paga. No ciclo de palestras do Papo Animado, o produtor inglês Ian Harvey também vai se dedicar ao tema ?mercado?. Primeiro, falando sobre sua atividade como produtor, que tem considerável importância dentro do universo da animação, ainda que pareça que tudo é realizável unicamente a partir da criação. Em outra sessão ele apresenta uma seleta programação com os melhores comerciais animados britânicos dos últimos cinco anos. Segundo César Coelho, um dos diretores do festival, ano que vem há planos para ampliação da agenda, principalmente a paulistana (onde a programação é sempre sufocada devido ao aumento de exibições em relação à conservação do calendário). ?Também pretendemos criar um Mercado de Animações?, diz Coelho. Como assim? ?Queremos criar um espaço onde distribuidoras, produtores e diretores possam trocar cartões e fazer negócio?, explica Coelho. Ou seja, uma bolsa de produções, onde se poderá comprar, vender, encomendar, contratar, etc., a exemplo do Mercado Cannes, que acompanha toda edição do festival de cinema francês há muitos anos. Coelho lembra a importância das séries para televisão que, muito mais que longas-metragens, são uma indústria muito forte. ?Os canais de TV estão viciados em produções estrangeiras sem dar uma chance mínima à criatividade dos animadores nacionais?, diz Coelho. Ian Harvey, verdadeiro expert do ramo, atesta: ?A animação brasileira é das melhores que já vi no mundo, tem um grande apelo?. Para Harvey, o problema é simplesmente o fato de existir um interesse dos investidores unicamente na área publicitária. ?Os animadores brasileiros desdobram-se em propaganda e produção própria. Na Inglaterra, no entanto, esses setores são distintos, e ambos se sustentam bem?, conta. Segundo ele, cada setor tem sua vantagem. A produção própria se caracteriza pela liberdade de criação e pela autoria visível do realizador, enquanto que a produção publicitária é geralmente menos laboriosa e proporcionalmente mais rentável. ?É preciso que os animadores e os canais de TV identifiquem quais séries têm potencial para atrair a audiência brasileira?, opina. O estúdio inglês Aardman Animations é o exemplo preferido de Harvey. A Aardman está trazendo para o Anima Mundi a série Angry Kid (Moleque Irado). São pílulas de animação de um minuto, feitas com uma técnica chamada pixillation, onde a cena é gravada quadro a quadro com gente de verdade e massa de modelar. A série - que conta as peripécias de um pré-adolescente que enferniza a vida das pessoas, com aquele humor cáustico característico inglês ? foi co-produzida com a Atom Films, um estúdio que especialzou-se em exibir animações só na internet. E Angry kid tinha de início só a rede como destino, que tornou-se pequena demais para ele. ?A série fez tanto sucesso na net e nos festivais que participou, que a BBC está estudando a possibilidade de colocá-la na programação?, conta Harvey. ?Eles notaram que é o tipo de humor que seduz o inglês, e resolveram investir na idéia?. A produtora é também a responsável pelo longa Chiken Run, uma animação em massa de modelar dirigida por Peter Lord e Nick Park, que está fazendo um grande sucesso no circuito americano, e que deve vir em dezembro ao Brasil com o nome Galinhas em Fuga. O filme conta a tentativa da galinha Ginger e do galo Rocky (dublado por Mel Gibson) de fugir do galinheiro antes de serem assados para a ceia. Seriedade - Ian Harvey também vem ao Brasil provar que o cargo de produtor, dentro do processo de uma animação, tem muita importância e deve ser encarado com seriedade. Antes editor de livros infantis, Harvey foi convidado pela animadora Diane Jackson, em 1982, a produzir o desenho de um livro que ele mesmo havia publicado, The Snowman, de Raymond Briggs. Harvey entusiasmou-se tanto com a idéia que foi, aos poucos, trocando de profissão. Especializou-se na produção de animações baseadas em livros infantis, e onde coloca o dedo quase sempre pode se esperar sucesso. Até a sua primeira produção, The Snowman, foi indicada ao Oscar e ganhou o prêmio da British Academy daquele ano. A história do boneco de neve que ganha vida e embarca numa aventura com o menino que o criou vendeu mais de dois milhões de cópias em vídeo no mundo, principalmente na Europa, EUA e Japão. Em 1987 produziu outra história de Briggs, com direção de Jimmy Murakami, chamada When The Wind Blows, que será exibido domingo às 19h no MIS. É outro sucesso, que narra o triste relato sobre o ingênuo casal de aposentados Jim e Hilda Bloggs, desacreditados na ineficiência inglesa durante um imaginário período de guerra mundial. O longa contou com trillha sonora de David Bowie e Roger Waters (do Pink Floyd). O filme foi precursor da alta tecnologia de computação gráfica em 3D que hoje é usado em quase todas animações de grande popularidade. No entanto, não se usou computadores, mas somente composição entre desenhos no papel e foto-montagem, com efeito igualmente impressionante. O longa também foi um sucesso de público, principalmente nos EUA. Quem acha que Harvey não tem experiência com televisão, engana-se. Ele também foi responsável pela série Spider, de 1989, dirigida por Graham Ralph, que ganhou formato de 13 capítulos para TV e se tornou extremamente popular entre crianças e adultos do país. Harvey montou sua própria produtora em 1993, a Iluminated Film Company, e por meio dela foi dando continuidade ao seu trabalho. Hoje é também vice-presidente da Associação Européia de Animação. Entre seus próximos projetos, está a produção de um segundo filme sobre natal, chamado Christmas Carol (o primeiro foi Faith of Christmas), que terá dublagem de Nicholas Cage, Cate Blanchett e Simon Callow. Serviço - Papo Animado com Ian Harvey. Sexta, 28/07, às 16h na Sala Sony do MIS. Avenida Europa, 158, Jardim Europa. Tel.: 11 852-9197. Domingo, 30/07, às 17h30 no Centro Cultural Fiesp. Avenida Paulista, 1.313, Cerqueira César. Tel.: 284-3639. Papo Animado - Publicidade Britânica. Sexta, 28/07, às 20h na Sala Sony do MIS. Avenida Europa, 158, Jardim Europa. Tel.: 11 852-9197.

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