Análise: Oscar teve de tudo, até emoção e escolhas corretas

Escolha do filme de Iñarritú foi lógica

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Por Luiz Carlos Merten
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E, no final, a vitória de Birdman prestou-se a uma rara demonstração de acuidade da Academia de Hollywood. Você não precisa gostar do filme de Alejandro González Iñárritu – o de Clint é melhor – para perceber como as escolhas foram coerentes. Birdman venceu nas categorias principais de filme, direção, fotografia (Emmanuel Lubezki) e roteiro original (do próprio Iñárritu, mais três ou quatro). 

O conceito da mise-en-scène baseia-se na fluidez da câmera, nos planos contínuos que precedem/sucedem as explosões verbais e físicas. Ao votar nas quatro categorias, a Academia deu unidade à premiação. Foi como se uma mente (crítica?) tivesse feito as escolhas, não diferentes profissionais, de diferentes áreas.

Neil Patrick Harris apresenta a 87ª edição do Oscar Foto: ROBYN BECK/AFP PHOTO

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Depois de Alfonso Cuarón, no ano passado, por Gravidade, Iñárritu foi o segundo mexicano a ditar as cartas no Oscar. Os prêmios de interpretação não tiveram surpresa. Julianne Moore e Eddie Redmayne, protagonistas; Patricia Arquette e J.K. Simmons, coadjuvantes. Com exceção de Simmons, os outros três poderiam ser substituídos sem prejuízo da qualidade – Redmayne por Bradley Cooper, Julianne por Marion Cotillard, Patricia por Emma Stone –, sem que isso configure que foram escolhas equivocadas. São todos ótimos. Ida, do polonês Pawel Pawlikowski, foi o melhor estrangeiro e aí houve surpresa. As apostas favoreciam o russo (Leviatã).

Neil Patrick Harris foi contido, para não dizer sem graça, mas fez história ao aparecer de cueca no palco – sem ameaçar o strip-tease do cara que ficou nu em 1973, sob o olhar atônito do então apresentador David Niven. A festa foi longa, muitas vezes passando a ideia de desanimada. Salvaram-na o discurso de Patricia Arquette e o meme de Meryl Streep, o (isso sim) inesperado encontro de Lady Gaga e Julie Andrews na celebração de A Noviça Rebelde e os discursos emocionados e políticos dos compositores da canção de Selma – mesmo que Glory, a rigor, não fosse a melhor. O Oscar 2015 voltou para a Globo, que até o ano passado fingia ignorá-lo. No ano que vem, tem mais.

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