PUBLICIDADE

Amos Gitai abre domingo o 6.º Festival do Cinema Judaico

Ele é o maior diretor israelense da atualidade. Trocou a arquitetura pelo cinema e, com Kadosh e Kippur>, realizou dois trabalhos de excepcional importância

Por Agencia Estado
Atualização:

Em sua quarta edição, em 1999, o Festival do Cinema Judaico de São Paulo deu um considerável salto de qualidade em relação às mostras anteriores, ao promover a retrospectiva do polonês Andrzej Wajda, que, no ano seguinte, receberia um Oscar especial da Academia de Hollywood. No ano passado, o festival cresceu ainda mais e lotou a Associação Hebraica e o Museu da Imagem e do Som (MIS) com sua mostra competitiva. Foram aperitivos para o 6.º Festival do Cinema Judaico, que começa domingo. É uma realização da Hebraica, com patrocínio do Bradesco e do Bradesco Seguros. A curadora Glória Manzon conseguiu trazer a São Paulo o que de melhor foi produzido no cinema de temática judaica em todo o mundo. Trouxe o maior diretor de Israel, Amos Gitai, homenageado com uma retrospectiva formada por nove filmes. Dizer que Gitai é o maior diretor israelense da atualidade é pouco para a importância do autor de 50 anos, nascido em Haifa, que trocou a arquitetura pelo cinema e, com Kadosh e Kippur, realizou dois trabalhos de excepcional importância, que o colocam entre os maiores do mundo. Gitai chegou quarta a São Paulo. Domingo, não terá tempo de cumprir o que seria seu principal compromisso na cidade. Gitai volta no fim da tarde a Israel. Sai do Brasil pelo Rio. Estava previsto um debate com ele, que foi cancelado por problema de horário. Às 19 horas de domingo, de qualquer maneira, o extraordinário Kippur estará abrindo a retrospectiva do diretor, no MIS. Grandes diretores quiseram fazer o filme de guerra definitivo: Stanley Kubrick, com Glória Feita de Sangue; Francis Ford Coppola, com Apocalypse Now, que agora ganhou nova versão, Apocalypse Now Redux. Acredite: o pouco conhecido Gitai, em Israel, país que não tem uma forte tradição cinematográfica, talvez tenha concretizado esse grande filme. Na quarta, num encontro com a reportagem , o diretor deu sua receita sobre o assunto: "Foi Samuel Fuller quem me disse que, no cinema de guerra, é preciso ser simples e objetivo; Coppola é genial nas cenas mais simples de Apocalypse Now, que são as do barco, mas perde-se no barroco excessivo das que são consideradas as grandes seqüências do filme." Ele não gosta muito de Apocalypse Now, gosta menos ainda dos filmes de Steven Spielberg, Schindler e Soldado Ryan. E, agora, no domingo, com Kippur, você vai ver do que Amos Gitai é capaz. Também no domingo, às 17 horas, ocorre, na Hebraica, a abertura do sexto festival. Glória Manzon escolheu um filme que já foi lançado em vídeo no País (pela Warner). Nos Braços de Estranhos documenta a campanha de solidariedade que salvou milhares de crianças judias do Holocausto. Pouco mais de 10 mil crianças, menos de 1% de 1,5 milhão de crianças que morreram em campos de concentração e fornos crematórios. Parece pouco, mas uma vida, apenas, justifica todos os esforços, diz a Torá. O filme de Mark J. Harris, vencedor do Oscar de documentário deste ano, é perfeito para expressar o tema geral do evento, que Glória resumiu no título Paixão e Coragem. É o que o festival judaico quer celebrar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.