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"Alta Velocidade" homenageia Ayrton Senna

Fórmula Indy é tema do novo filme de Sylvester Stallone, com participações de vários pilotos brasileiros, que estréia nesta sexta-feira em São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia antes da festa brasileira no 27.º GP de Long Beach, quando o piloto Hélio Castro Neves venceu sua primeira corrida do calendário 2001 da Fórmula Indy, seguido por Cristiano da Matta e Gil de Ferrán, respectivamente na segunda e terceira posições, o ator americano Sylvester Stallone, de 54 anos, divulgava seu novo filme. O lugar escolhido para promover Alta Velocidade (Driven), que estréia hoje nos cinemas de São Paulo, foi um hotel em frente da famosa pista dessa cidade californiana. Dirigido pelo cineasta finlandês Renny Harlin (o criador de Duro de Matar, com Bruce Willis, e Risco Total, com Sly Stallone), Driven foi um dos dois projetos que pipocaram na mesa dos executivos de Hollywood, depois da trágica colisão de Ayrton Senna, na curva de Tamburello, no circuito de San Marino, em 94. O ator espanhol Antonio Banderas, que pretende interpretar Senna, ainda tem esperanças que seu projeto com o cult diretor americano Michael Mann (de Fogo contra Fogo) possa ainda acontecer. Mas para Harlin, que passou três anos pesquisando sobre a vida do piloto brasileiro, o projeto de reviver Senna foi totalmente arquivado. ?Nos últimos anos, Hollywood foi muito cautelosa em produzir um filme sobre automobilismo, pois se acredita que, mesmo com o grande interesse pelo esporte e o nível dramático apresentado a cada GP, a performance das bilheterias poderia ser tacanha.? Sem um filme sobre a vida de Senna, Harlin, em Alta Velocidade, presta uma homenagem ao campeão brasileiro de Fórmula 1 por meio do personagem Nemo Moreno, interpretado pelo ator chileno Christián de la Fuente. É um papel com pouca importância e foi escrito por Sly Stallone que, pela primeira vez desde Rocky, um Lutador, se sentou na frente do computador para criar um filme sobre modalidade esportiva. Quando Harlin mostrou o filme para a imprensa estrangeira, três noites antes do GP de Long Beach, Christián tinha um diálogo totalmente em espanhol. Alertado pelos jornalistas brasileiros, Harlin voltou atrás e corrigiu o deslize. Em vez do ?muchacho? original, Christián, em cena com Stallone, agora diz ?amigo?. Ninguém poderá reclamar, porém, da mulher do piloto no filme. Nunca um personagem brasileiro num filme de Hollywood teve uma mulher tão deslumbrante quanto em Alta Velocidade. Ela é interpretada por Gina Gershon, a musa de lábios carnudos pré-Angelina Jolie. Para confirmar os rumores da imprensa americana de que a estrela dos heróis brutamontes de Hollywood está cintilando menos, Stallone reservou a si próprio um papel secundário em Alta Velocidade. Ele é o aposentado e outrora campeão Joe Tanto, chamado às pistas novamente para ajudar um jovem piloto americano (intepretado pelo novato Kip Pardue) a derrotar um alemão (Til Schweiger) invocado e que se transformou em verdadeira revelação na pistas. Joe Tanto, obviamente, vai usar de manobras nem um pouco éticas para satisfazer o dono da equipe e grande amigo do passado (papel que pertence a Burt Reynolds, que o faz sentado numa cadeira de rodas). Rodado em vários circuitos internacionais, inclusive o de Jacarepaguá, Alta Velocidade tem a participação relâmpago de vários pilotos brasileiros. Maurício Gugelmin é quem emprestou o capacete e o carro para Stallone dirigir. Durante as filmagens, dois brasileiros acabaram sendo usados como extras. O fotógrafo do Estado André Penner, que acompanha todas as provas, interpretou a si próprio numa cena de pódio no GP de Chicago, em 2000. Já a atriz Sônia Braga, estava de gaiata na platéia do GP de Toronto, durante um de seus intervalos na filmagem da minissérie The Judge, exibida recentemente na TV americana. A reportagem do Estado falou com exclusividade com a equipe de Alta Velocidade. Confira. Estado ? Você comparou os corredores às celebridades do mundo do rock. Por quê? Renny Harlin ? Acredito que eles sejam estrelas nesse sentido. Viajei pelo mundo acompanhando os corredores de Fórmula 1 e Indy. E esses pilotos são pessoas jovens e bonitas, que circulam por entre gatas maravilhosas. Eles colocam suas vidas em perigo. Tem algo bastante sexy e ousado nisso e queria elevar a história ao último nível de devoção que existe sobre eles. Mas, por outro lado, queria mostrar a incrível pressão sob a qual eles constantemente operam. Por que se interessou em escrever um filme sobre automobilismo? Sylvester Stallone ? O mundo da corrida propicia um grande drama humano. É muito excitante de ser ver. Também é um esporte muito simbólico, pois a gente corre para tudo nessa vida, não é mesmo? Como surgiu o projeto de "Alta Velocidade"? Harlin ? Meu projeto era sobre Ayrton Senna. Nós tínhamos os direitos de alguns livros sobre a vida dele e era uma verdadeira paixão para mim. Sempre fui grande fã dele. Viajei para São Paulo, fui ao cemitério onde Senna foi enterrado, conversei com a namorada dele, passei muito tempo com o time da McLaren, com (Ron) Dennis (chefão da escuderia). Fiz muita pesquisa, dediquei três anos a esse projeto, mas não consegui financiamento para tirá-lo da prancheta. Sabia que Stallone estava trabalhando num filme sobre automobilismo e, quando o meu não deu certo, a gente resolveu reunir forças. Você chegou a conhecer Ayrton Senna? Stallone ? Sim. Era grande fã. Acompanhei seu funeral pela TV. Senna era mais que um corredor, ele era uma escola de pensamento. Mudou a face da Fórmula 1. Renny, para interpretar um piloto brasileiro, você escolheu o ator chileno Christián de la Fuente. Não tinha nenhum brasileiro para essa função? Harlin ? Tentei encontrar um ator brasileiro, mas falhei. Nenhum passou por minha seleção. Não encontrei aquele que tivesse o talento interpretativo, fosse bonitão ou que falasse bem o inglês. E teve também o fato do estúdio, que está sempre procurando pela nova estrela, ter feito um pouco de pressão em cima de um nome em ascensão. Christián, você interpreta um brasileiro, mas dá umas rateadas no português, não? Christián de la Fuente ? Sabia que alguém ia apontar isso (risos). Quando perguntei a Sly se ele queria que eu falasse espanhol ou português, ele me disse que ficasse com o primeiro idioma, pois ia abranger um número maior de espectadores. Mas fiz minha pesquisa, sim, e aprendi todos meus diálogos em português. Tenho uma amiga brasileira no Chile que me ensinou o idioma e passei algum tempo com o Maurício Gugelmin. Também tive a oportunidade de trabalhar duas vezes com a grande Sônia Braga (a última no seriado L.A. Law) e aprendi um básico, entende? Em "Alta Velocidade", seu personagem tem Senna como ídolo. O que achava dele? Christián ? Costumava assistir a todas as corridas. Estava grudado na TV no dia do acidente e fiquei chocado.

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