Alfonso Cuarón leva cinco prêmios Platino com 'Roma'

Entre os títulos, estão melhor filme ibero-americano do ano e melhor diretor

PUBLICIDADE

Por Eduard Ribas i Admetlla
Atualização:

Após ter ganhado o Oscar, o Bafta e o Goya, neste domingo foi a indústria ibero-americana de cinema que premiou Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, com cinco Platinos, incluindo o de melhor filme e melhor diretor. Roma era o grande favorito da VI edição do Prêmio, realizada na Riviera Maya, no México. 

PUBLICIDADE

O filme levou também o Platino de melhor roteiro, melhor direção de fotografia e melhor direção de som.

Embora Cuarón não tenha participado da festa, o produtor Nicolás Celis agradeceu o prêmio de melhor filme em seu nome e declarou: "Viva o cinema, vivo o México e muito mais cinema de qualidade para todos".

Roma, filme autobiográfico de Cuarón, retrata a vida de uma família de classe média do México da década de 1970 e a relação que tem com sua empregada doméstica, Cleo, uma indígena interpretada pela aclamada Yalitza Aparicio.

A produção de Cuarón ganhou este ano o Oscar de melhor filme estrangeiro, melhor fotografia e melhor direção, consolidando o reconhecimento e o sucesso dos diretores mexicanos no maior prêmio do cinema mundial.

Além disso, fez história ao ser indicado pela academia de Hollywood tanto a melhor filme como a melhor filme estrangeiro, e abriu um forte debate sobre o papel dos indígenas na sociedade mexicana graças à interpretação magistral de Yalitza.

Yalitza Aparicio como Cléo: personagem inspirada na domésticada famíliade Cuarón Foto: Netflix/Divulgação

No entanto, nem Yalitza nem Marina de Tavira, ambas indicadas a melhor atriz por Roma, levaram a estatueta, que foi para a paraguaia Ana Brun, por sua participação em As Herdeiras.

Publicidade

Brun, que estava retirada dos palcos, ganhou por este filme o Urso de Prata de melhor atriz na Berlinale e isto representou para ela um salto ao estrelato, após uma trajetória centrada sobretudo no teatro.

Este filme dirigido por Marcelo Martinessi relata a história de duas mulheres descendentes de famílias ricas que começam a perder a sua fortuna e se veem envolvidas em uma fraude.

Ao receber a estatueta, a paraguaia dedicou o prêmio aos atores e produtores do seu país que trabalham "com poucos recursos, mas com muito talento".

A Espanha também deixou uma marca profunda nesta edição do Platino com o prêmio de melhor ator para Antonio de la Torre, protagonista do O Reino, e o de melhor série de televisão, que foi para Arde Madrid, de Paco León e Anna R. Costa.

"É a terceira vez que venho ao México, espero que haja mais e que seja para trabalhar", disse De La Torre ao receber a estatueta.

Antes, no tapete vermelho, o ator espanhol explicou à Efe que Uma Noite de 12 Anos, que também protagoniza e aborda a repressão sofrida por Pepe Mujica durante a ditadura uruguaia, é "uma história universal, porque fala de coisas profundas do ser humano".

Arde Madrid, que narra a vida da atriz Ava Gardner durante a sua residência em Madri nos anos 60, bateu um grande rival, a bem-sucedida comédia mexicana A Casa das Flores.

Publicidade

"Este projeto foi difícil e intenso, mas também gratificante. Obrigado à Movistar+, isto demonstra que há vida depois da Netflix", disse Paco León, codiretor da série, ao receber a estatueta.

O México levou as estatuetas de melhores interpretações de série de televisão, que foram para Diego Luna, de Narcos: México, e para Cecilia Suárez, de A Casa das Flores, que também era a apresentadora da festa junto com o espanhol Santiago Segura.

Em altaCultura
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

Campeões, prêmio Goya de melhor filme deste ano, levou o Platino educação em valores por abordar as incapacidades intelectuais, enquanto o melhor documentário foi para a também espanhol O Silêncio dos Outros, sobre a luta pela justiça das vítimas do franquismo.

O prêmio de melhor filme de animação foi dado ao espanhol Un Día más con Vida, dirigido por Raúl de la Fuente, enquanto os prêmios de melhor trilha sonora e direção de montagem foram para os também espanhóis Yuli e O Reino.

Um dos momentos mais emocionantes da noite foi quando o ator mexicano Tenoch Huerta emocionou Yalitza Aparicio ao oferecer-lhe uma dália como mostra da sua admiração.

Em seguida, ambos os atores pediram que as pessoas presentes dessem as mãos e as levantassem como símbolo de companheirismo entre os homens e as mulheres envolvidas no mundo do cinema.

Mas o tom habitual da festa foi o humor, com brincadeiras do espanhol Santiago Segura para um evento que se manteve mais afastado das manifestações políticas do que em vezes anteriores.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.