Em Monstros, um dos melhores filmes sobre circo e a condição humana, as criaturas do título têm uma frase-pronta toda vez que chega um novo companheiro: "Nós o aceitamos como um de nós". Em Água para Elefantes, filme soporífero baseado em romance de mesmo nome, o elenco do circo não recebe Robert Pattinson (o eterno Edward Cullen de Crepúsculo) com uma frase tão encorajadora. Ainda assim, ele encontra conforto nos braços de uma bela amazona e na tromba de uma elefanta. Escrito por Richard LaGravenese a partir do romance de Sara Gruen, e dirigido por Francis Lawrence (que tem em seu currículo Eu Sou a Lenda, Constantine e vídeos de Jennifer Lopez e Britney Spears), as possíveis qualidades e os visíveis defeitos de Água para Elefantes residem no mesmo ponto: a vontade de ser um cinemão à moda antiga. Em Água para Elefantes tudo é arrumadinho. Tanto nas imagens, quanto na narrativa, não há uma vírgula fora do lugar. Seus personagens são rasos, estão mais para tipos do que seres humanos e a história de amor é previsível e monótona. Por isso, sobra para uma elefanta gigantesca, Rosie, brilhar em cena. E ela consegue. A história é contada por Jacob (Robert Pattinson), décadas após de ter abandonado a escola de medicina veterinária depois da morte dos pais, juntando-se a um circo itinerante.