"Água Negra" ganha as telas brasileiras

Depois de fazer sucesso nos Estados Unidos, novo filme de Walter Salles, estrelado por Jennifer Connelly, estréia no Brasil Leia entrevista com Walter Salles

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Por Agencia Estado
Atualização:

Jennifer Connelly confessa que hesitou quando lhe foi proposto o papel principal do remake do filme japonês Dark Water, que estréia hoje, baseado no livro de Koji Suzuki que já havia inspirado o terror de Hideo Nakatas, em 2002. "As histórias de terror sempre mexeram comigo. Sou medrosa e, mais do que isso, sugestionável. Mas essa história sobre uma mãe que tenta construir uma vida nova para a filha me tocou de verdade. Por mais assustadora que fosse, percebi que havia uma camada de humanidade por trás dessa aparência de um filme de gênero." E houve, claro, o fascínio da personalidade do diretor do remake, Walter Salles (que ela chama de Uálter). "Ele é um gentleman e tem um modo muito elegante de trabalhar o terror. Nada fica vulgar com Uálter. Ele confere dignidade e mistério à história e deixa o espectador permanentemente em dúvida sobre se o que ocorre é real ou alucinação de Dhalia, a minha personagem. Dhalia termina um casamento e sai pelo mundo com a filha. Busca um espaço para as duas e o que as condições lhe permitem alcançar é esse apartamento sombrio, com essa mancha negra no teto que se torna cada vez mais ameaçadora." Walter Salles achava importante que a atriz que interpretasse Dhalia fosse mãe, pois só assim teria condições de entender o elo que se desenvolve entre mãe e filha em Água Negra. A menina começa a se relacionar com essa outra garota ameaçadora. Caberá à mãe o esforço limite para libertá-la do que parece um perigo real e não apenas uma fantasia. Jennifer tornou-se a escolha perfeita porque ela própria teve um filho pouco antes da filmagem. "Dhalia vem de um divórcio litigioso. Está naquela fase de disputar com o marido a guarda da filha. Ele tem uma vida financeira mais estável do que a dela, o que só aumenta os problemas de Dhalia. Acho que consegui sentir as esperanças e os temores que ela tem ao criar a filha. E foi intrigante construir a personagem, com todas essas pequenas coisas que começam como chatices do cotidiano - uma goteira num apartamento - e vão se tornando cada vez mais terríveis." O passado de Dhalia, sua relação difícil com a própria mãe, é outro detalhe importante. Jennifer não acredita que o roteiro seja explicativo demais, buscando fornecer pistas psicológicas para a tensão de Dhalia. Seu maior desafio, ela revela, foi a água. "Filmamos no inverno e eu tinha de ficar boa parte do tempo encharcada da água suja que invade o apartamento." Foi preciso muito preparo físico - "Filmava e corria para uma banheira de água quente, para me aquecer." Salles só tem elogios para a atriz. Acha que ela construiu uma personagem complexa e multifacetada. Houve tantas coisas que ela fez de maneira suave e delicada, para construir a integridade de Dhalia, que ele só percebeu na montagem. * O repórter viajou a convite da distribuidora Buena Vista

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