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Acervo da Atlântida está acessível

Dos 62 títulos de ficção e o triplo de cinejornais, quase metade está guardada na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, mas à espera de verba para restauração, remontagem e novas cópias

Por Agencia Estado
Atualização:

O acervo da Atlântida (ou o que sobrou dele), hoje propriedade da Companhia Severiano Ribeiro, está bem guardado e acessível aos pesquisadores. Dos 62 títulos de ficção e quase o triplo de cinejornais produzidos entre 1941 e os anos 60, quase metade está guardada na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, sem risco imediato de se perder, mas à espera de verba para restauração, remontagem e feitura de novas cópias. "O problema é que a Lei do Audiovisual não alcança os filmes antigos e a iniciativa privada não se interessa em patrociná-los pela Lei Rouanet", explica o curador do acervo, o jornalista e pesquisador Eduardo Gifoni. "Os filmes estão em estados variáveis de conservação e é muito difícil dizer quanto custa deixá-los em condição de exibição. Há desde casos em que é preciso retrabalhar cada fotograma e outros em que é só fazer a cópia nova." DivulgaçãoCena de Assim Era a Atlântida, com Oscarito Mesmo assim, alguns títulos chegam ao público. No último festival de cinema do Rio, Aviso aos Navegantes, restaurado com R$ 70 mil vindos da BR-Distribuidora, teve uma sessão concorrida. Outros 15 filmes, entre eles Carnaval no Fogo, A Sombra da Outra, Fantasma por Acaso e Também Somos Irmãos (este, sobre a questão racial, com Grande Otelo num papel dramático), estão sendo relançados em vídeo pela Rio Filmes, a distribuidora da prefeitura do Rio. Os cinejornais, que eram exibidos sempre antes dos filmes, quando a televisão não era popular, ainda aguardam sua vez. Para uma produção de um tempo em que não se pensava em preservar o presente para as gerações futuras, até que o acervo da Atlântida está em condições razoáveis. Mas os filmes dos primeiros anos, até 1946, se perderam num incêndio ocorrido em 1951 e outra parte foi embora numa enchente que inundou os estúdios então situados na Tijuca, na zona norte do Rio. Mesmo assim, roteiros, equipamentos e adereços cênicos estão guardados. E ainda emocionam. Vera Novello conta que não se conteve ao entrar no depósito dos filmes e dar de cara com o falso satélite artificial (feito de lata pintada) usado em O Homem do Sputinik. "Senti-me diante da história", lembra ela.

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