Aaron Eckhart é o novo Frankenstein

Ator revive em novo filme, com certas liberdades, clássica criação de Mary Shelley

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Por Ian Spelling
Atualização:

Conheçam o novo Frankenstein, o mesmo que o velho Frankenstein? Não exatamente, em especial com Aaron Eckhart fazendo o monstro em Frankenstein: Entre Anjos e Demônios, a mais recente incursão na história clássica da criatura.

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“Não é a mesma história que já foi contada”, diz Eckhart sobre o filme, que chega neste fim de semana aos cinemas brasileiros. “É como se fosse o próximo capítulo. Victor Frankenstein, o monstro criado por ele, o Frankenstein de Mary Shelley, está tudo ali, mas completamente reinventado num mundo imaginário, fantástico, que dialoga com os tempos modernos.”

Segundo o ator, “o monstro é muito mais enérgico e ativo”. “Ele não é o sujeito trôpego que era. Este é mais orientado para a ação e tem lugar num mundo que é uma espécie de outro mundo. Portanto, tem muitos elementos diferentes.”

Escrito e dirigido por Stuart Beattie, Frankenstein: Entre Anjos e Demônios gira em torno de Adam Frankenstein (Eckhart), uma criatura superpoderosa amaldiçoada com a vida eterna. Adam se vê apanhado no meio de uma batalha épica entre gárgulas, lideradas por Leonore (Miranda Otto), e demônios subordinados a Naberius (Bill Nighy). Ele é acompanhado em boa parte de sua jornada por Terra (Yvonne Strahovski), uma cientista especializada em reanimar os mortos.

Eckhart, o astro de 45 anos de Erin Brockovich (2000), Batman, o Cavaleiro das Trevas (2008) e Invasão à Casa Branca (2013), está ao telefone de seu rancho em Montana para discutir o filme. Ele descreve Adam como extremamente inteligente e marcado por cicatrizes físicas e emocionais. “Tenho certeza que muitas pessoas encontrarão afinidades com ele de um jeito ou de outro”, diz Eckhart. “Ele foi enjeitado. Ele é chamado de aberração. Ele foi amaldiçoado com a imortalidade. É um homem ferido, em busca de amor, em busca de um propósito na vida, como todos nós. Ele está dividido entre duas facções e precisa tomar uma decisão. Vejo este filme e este personagem num sentido muito humano”, acrescenta o ator, “porque ele é uma alma danada buscando a razão para estar aqui na Terra”. “Esse tipo de história geralmente se resume a amor e propósito. Está nas canções de rock muito boas e nos filmes muito bons.” Adam também é o herói improvável numa batalha entre as forças do bem e do mal. E foi esse aspecto particular da saga de Frankenstein que o atraiu quando ele leu o roteiro, recorda Eckhart.

“Há todas as coisas grandes”, ele explica. “Bem e mal, qual é a diferença? Como saber? Está se lidando com uma pessoa ou com um monstro, ou como quer que o classifiquemos, que nunca amou anteriormente. Ele não sabe o que é isso, e porque nunca o experimentou, em nenhuma forma, não confia na humanidade. Os humanos o ridicularizaram, o acusaram, o apedrejaram”, diz Eckhart. “Então, para mim, a história é sobre um homem que precisa usar seus instintos para fazer uma escolha, e a escolha tem ramificações.”

Por falar em cicatrizes, o monstro de Eckhart tem várias cicatrizes faciais profundas, mas não o suficiente para obscurecer as feições gerais do ator. Eckhart conta que participou ativamente de cada conversa sobre as feições do personagem. “Fiquei muito envolvido, em termos das cicatrizes e da colocação das cicatrizes, sua espessura, seu destaque, e a transição delas, indo dos velhos tempos aos novos tempos”, ele diz.

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“Estamos falando de cinema, então de quão atraente ou não atraente você quer que seu protagonista seja? Essa foi uma grande discussão, porque no cinema esse assunto é muito importante. Como ele está vestido? Isso diz algo sobre ele também”, prossegue Eckhart. “Qual a evolução de suas roupas? Ele não terá parafusos no pescoço? Há um milhão de questões. Como ele se defende? Como consegue dinheiro? Estive envolvido em todas elas.”

O escritor/diretor Stuart Beattie cercou Eckart de um grupo formidável de astros coadjuvantes. Como foi a equipe por trás do filme Underworld que produziu Frankenstein: Entre Anjos e Demônios, não surpreende que eles tenham escalado para fazer Nabirius, Nighy, que fez o rei vampiro Viktor em Underworld (2003) e duas sequências. Otto é mais conhecido por fazer Eowyn em O Senhor dos Anéis (2001-2003), enquanto os espectadores de televisão se lembrarão de Strahovski por seu papel da espiã Sarah Walker em Chuck (2007-2012).

“Bill é uma figura imponente”, diz Eckhart. “Ele tem um fogo interior e é um ator consumado. É divertido trabalhar com ele, porque ele empolga o público toda vez. Miranda, também. Ela se concentra no trabalho e é uma atriz com treinamento clássico. Fui o único americano no filme”, ele acrescenta. “Todos os demais eram ingleses, ou, como Yvonne e Miranda, australianos, e todos eram muito bons.”

Franquia? O filme funciona como uma história de origem, o que, é claro, era o objetivo. Todos os envolvidos esperam que Frankenstein: Entre Anjos e Demônios renda uma série de continuações. “Bem, estamos falando de um sujeito que vive para sempre, de modo que se pode ir para qualquer parte”, diz Eckhart. “Quanto maiores e mais amplas as perguntas feitas, mais continuamente elas terão de ser feitas. Se as pessoas gostarem deste filme e ele encontrar um público, nós adoraríamos fazer outro.”

Enquanto isso, Eckhart já se envolveu em seu próximo filme, Incarnate. Ele é ator coadjuvante neste filme de terror de baixo orçamento junto com Carice van Houten. “É um filme pequeno, no qual colocamos de tudo”, diz Eckhart. “Eu faço um exorcista que está preso a uma cadeira de rodas agora por causa de um incidente que houve em sua vida. Ele é um beberrão contumaz numa cadeira de rodas, desmazelado e muito irascível, e precisa assumir um trabalho que o modifica. Vai ser um filme divertido.”

TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

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