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A vilã Mística, de "X-Men", é recompensada

Sacrificada por um processo de maquiagem corporal que a forçava a acordar à 1h da manhã e ficar nua o dia todo, a atriz Rebecca Romijn-Stamos conseguiu mais espaço em X-Men 2

Por Agencia Estado
Atualização:

Antes de pisar no set de X-Men, Rebecca Romijn-Stamos passava oito horas nua na cadeira de maquiagem. Todos os dias, o despertador de sua cabeceira tocava à 1h da manhã para que a atriz tivesse tempo suficiente para cobrir todo o corpo de escamas azuis, marca registrada da personagem Mística. "Só de pensar em enfrentar o pesadelo novamente, quase recusei participar da segunda aventura", disse a atriz, convencida pelo diretor Bryan Singer a reprisar em X-Men 2 o papel da mutante capaz de se transformar em qualquer pessoa ou coisa. O cineasta precisou fazer duas promessas para trazer a loira de olhos azuis de volta ao universo dos superdotados ? inspirado na história em quadrinhos criada por Stan Lee, na Marvel Comics, há 40 anos. A vilã Mística ganhou uma participação maior na trama e a equipe conseguiu reduzir o processo de maquiagem de oito para "apenas" cinco horas e meia. "Pude dormir um pouquinho mais e ainda ganhei um parceiro no sofrimento", contou a atriz, referindo-se ao ator Alan Cumming, escalado para o papel de Noturno, igualmente azul. "Já não era a única resmungona do set", brincou. Em X-Men 2, superprodução que a Fox lança hoje nos cinemas brasileiros, a perversa Mística passa para o lado dos mutantes do bem. Pelo menos temporariamente ? enquanto o seu mentor, o diabólico Magneto (Ian McKellen), apóia o time de superdotados liderado pelo professor Xavier (Patrick Stewart). Mas Mística continua aprontando das suas. Em uma das cenas, usa a beleza, as curvas e o charme da própria Rebecca (ex-top model), para seduzir e matar um carcereiro. "Que alívio ser eu mesma de novo, filmando sem maquiagem. Indiscutivelmente, foi a minha cena favorita", afirmou a atriz, de 30 anos, eleita várias vezes pela revista People como uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida em Los Angeles. Por ser uma das mulheres mais belas do cinema, sente-se frustrada por atuar coberta de tinta azul na franquia X-Men, o que a deixa quase irreconhecível? Não. Isso faz parte da magia de fazer cinema, de fingir que sou outra pessoa. Não faço questão que as pessoas sempre saibam que sou eu por trás de um personagem. Nos EUA, porém, nunca consegui enganar ninguém. Principalmente por conta da campanha agressiva de publicidade dos filmes da série X-Men, que reforça o nome dos atores que encarnam cada um dos mutantes. Sentiu-se muito exposta ao atuar praticamente nua? A tinta me fez sentir um pouco coberta. Para não ficar envergonhada, eu dizia para mim mesma que não estava nua no set. Acho que funcionou, apesar do frio que eu sentia. A equipe de maquiagem foi muito competente, providenciando peças que, quando colocadas sob os meus seios, evitavam que eles balançassem nas cenas de ação. Eu sei que estava nua, mas prefiro continuar negando. Não me faça mudar de idéia, por favor... Mas você filmou completamente nua em Femme Fatale... (thriller recentemente lançado no Brasil) Houve apenas uma tomada totalmente nua, no clímax de Femme Fatale. Mas isso não foi o pior. Fiquei muito mais nervosa para rodar a cena de striptease. Confesso que precisei de uma dose de tequila (risos). Descreva o processo de maquiagem de Mística. Eram colocadas sobre a minha pele 120 próteses adesivas de silicone. O material é gosmento como aquele usado nos bonequinhos que, ao serem lançados na parede, grudam e começam a descer sozinhos. Depois, todo meu corpo era pintado de azul, incluindo as orelhas, o nariz, a sola do pé e até lugares que eu prefiro não mencionar (risos). Para finalizar, eu ainda tinha de colocar a peruca vermelha e as lentes de contatos amarelas. Doía para remover as próteses ao final da filmagem? Muuuuuuito. Era como arrancar um band-aid gigante. O sacrifício teria valido a pena, se o processo pelo menos tivesse o efeito de uma depilação. Mas nem isso. Podia fazer alguma coisa enquanto era maquiada? Dormir, por exemplo? Não. Eu tinha de ajudar os maquiadores o tempo todo. Eles me envolviam no processo, pedindo que eu me levantasse, deitasse de costas, levantasse o braço ou abrisse as pernas. Como vê, perdi totalmente a dignidade (risos). Com tantos recursos digitais disponíveis por que optar pela maquiagem manual? Boa pergunta. Só espero que, se houver X-Men 3, eles me cubram de tinta azul com efeitos especiais. Depois de reduzir o tempo de maquiagem do primeiro para o segundo filme, acredito que a coloração de Mística por computação gráfica será o próximo passo. O que mais evolui no set na comparação com o original, lançado em 2000? O diretor podia nos mostrar digitalmente como as cenas de ação ficariam, antes mesmo de começarmos a rodá-las. No primeiro filme foi muito mais difícil porque tínhamos apenas o roteiro para nos orientar. Quanto das cenas de ação de Mística você realmente fez no set? Eu trabalhei muito próxima do cordenador de dublês, treinando intensamente as minhas coreografias. Mas tive uma dublê, a mesma que trabalhou no X-Men original para as peripécias mais perigosas. Nós nos observávamos o tempo todo no set. Ela tentava copiar a minha linguagem corporal e eu a acompanhava nas sequências de lutas, dando alguns toques de como a personagem deveria se portar. Ela foi outra que sofreu com a maquiagem. Coitada! E, para piorar, quem leva o crédito pelas arriscadas cenas de luta, aos olhos do espectador, sou eu.

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