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"A Vida de Jesus" inspirou "A Humanidade"

Por Agencia Estado
Atualização:

Nada mais oportuno do que a iniciativa do selo Filmes da Mostra. A distribuidora que está colocando A Humanidade em cartaz aproveita e reestréia A Vida de Jesus. O filme anterior de Bruno Dumont venceu a mostra de 1997. Os dois filmes passam-se em Bailleul. O diretor também diz que a idéia de A Humanidade lhe veio do fim de A Vida de Jesus. E se o filme recente é mais ousado como cinema, nem por isso o anterior deixa de ostentar os germens da obra do diretor. Dumont faz um cinema antinaturalista e, nesse sentido, A Vida de Jesus, como A Humanidade, não deixa de lançar uma ponte para o Estorvo, de Ruy Guerra. Estorvo e A Humanidade são mais radicais, mas a história do rapaz desempregado e epilético que vive no interior da França seduz pelo mesmo tipo de minimalismo que caracteriza o filme seguinte do autor. É um autor. Um autor preocupado em trazer a filosofia para o cinema, mas não de forma professoral. Dumont diz que o cinema não é um meio intelectual. Mais do que à palavra, seus filmes recorrem à expressividade dos corpos, aos embates físicos. Por isso mesmo o sexo é tão importante em seu cinema. Há uma busca da transcendência na história de Freddy, que sofre mas também reproduz a violência. Dumont baseou-se nos ensaios do filólogo francês Ernest Renan, que prega um cristianismo sem compaixão. A Vida de Jesus seria a sua versão do Novo Testamento, com um Cristo em roupagem moderna, traído por suas pulsões animais. A Humanidade abre-se com a imagem de um sexo de mulher dilacerado. Um casal faz amor com fúria em A Vida de Jesus. É um filme forte. Vale conhecê-lo. A Vida de Jesus (La Vie de Jesus) - Direção de Bruno Dumont. Fr/97. Duração: 96 minutos.

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