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A saída para a seca, em cartaz na Mostra

Depois de percorrer o País e conhecer alternativas à escassez de chuvas, Edu Felistoque mostra Soluços e Soluções, em que aponta a exploração de água subterrânea para combater o drama da seca

Por Agencia Estado
Atualização:

O problema da seca no Brasil tem sim solução. E para o cineasta Edu Felistoque, uma das respostas está em seu filme Soluços e Soluções, que dirigiu com Nereu Cerdeira. O filme vem participando de alguns festivais, como o Festival de Recife, o Festival Internacional de Brasília e o Festival de Goiás. Domingo, o público de São Paulo pode assistir ao longa que participa da 24ª Mostra Internacional de Cinema, no módulo Perspectiva Internacional. Durante os anos que viajou pelo Brasil fazendo documentários, o diretor fez várias anotações que resultaram no roteiro do longa. Durante algumas reuniões com os amigos, Felistoque também expunha suas propostas para acabar com a seca. Depois de muitas conversas informais, os amigos e sócios da produtora ZYD Produções, da qual o cineasta também faz parte, decidiram fazer um filme para mostrar como o problema da seca pode ser solucionado. "Existe um jeito, mas o que falta é vontade política para a solução ser concretizada", conta o diretor. Durante um vôo sobre o Nordeste em um pequeno avião, Edu Felistoque avistou um pequeno oásis no meio da paisagem. Depois, ficou sabendo que era uma plantação de uvas e mamão, mantida por uma empresa japonesa. Apesar de estar em pleno sertão nordestino, o cultivo era possível graças a exploração da água subterrânea. "Conversei com vários especialistas que afirmaram que 90% da água potável está debaixo da terra", revela Felistoque. Soluços e Soluções conta a história de um publicitário da Móoca chamado Carlos Ramalho (Eucir de Souza), conhecido como Cara. Durante uma conversa com os amigos no bar, ele tem uma idéia de como acabar com a seca no Nordeste. Depois, decide sair pelo sertão nordestino em busca de recursos para solucionar os problemas da seca. Como é publicitário, aplica todos os seus conhecimentos de marketing para obter financiamentos. Cara acredita que furando poços perto de vilas e povoados com uma máquina perfuratriz pode minimizar o problema. Qualquer semelhança com a vida de Edu Felistoque não é mera coincidência. "Os nordestinos rezam para que chova e não sabem que a solução está debaixo na terra, não no céu", conta Felistoque. As filmagens duraram 60 dias e aconteceram em São Paulo e na região de Palmeiras dos Índios (AL), local onde foi filmado Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. "Já se passaram quase 40 anos desde que Nelson filmou por lá mas a região continua na mesma miséria", conta Nereu Cerdeira. Muitos atores que fizeram parte da produção foram selecionados entre os habitantes locais. Os dois diretores de Soluços e Soluções afirmam que encontraram muitos atores natos durante o teste. "Graças a essas atuações, o filme parece um documentário. Mas o filme pode ser definido também como uma fábula ou como uma comédia-dramática", explica Felistoque. A dupla de protagonistas foi escolhida em São Paulo após vários testes com atores de teatro. Nereu Cerdeira e Edu Felistoque faziam questão nos papéis principais não houvesse um nome conhecido. Eucir de Souza e Maristela Tobar foram selecionados entre 800 pessoas. Paulo Goulart e Fábio Villa Verde também fazem parte do elenco. A trilha sonora é composta de vários estilos, como samba, axé, sertanejo e rap, entre outros. Soluços e Soluções ainda não tem distribuidora definida mas os diretores esperam que em fevereiro a produção entre em circuito. "De qualquer forma, vamos exibir o longa nas praças públicas de várias cidades que não têm cinema", conta Felistoque. O filme foi financiado por investidores privados e não teve nenhuma ajuda de lei de incentivo. A princípio, o longa estava orçado em US$ 1,2 milhões. Mas com a desvalorização do real, muitos patrocinadores abandonaram o projeto. Com alguns cortes de gastos, os diretores conseguiram terminar de filmar com apenas R$ 350 mil.

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