A história de Vladimir Herzog chega ao cinema

O documentário de João Batista de Andrade 30 Anos Depois, revela a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura em 25 de outubro de 1975

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Por Agencia Estado
Atualização:

O cineasta João Batista de Andrade anuncia o lançamento, em outubro, do seu documentário em longa-metragem 30 Anos Depois, com a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura no dia 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo. Como o cineasta e o jornalista Vlado eram amigos e trabalharam juntos em vários projetos, o documentário tem o tom da intimidade aliada à dor, emoção e sofrimento. As últimas cenas serão gravadas em maio, no Rio de Janeiro. Filmado com equipamento digital, equipe reduzida, orçamento baixo e a colaboração dos amigos, Andrade garante que o resultado vai surpreender e emocionar: ?Será um grande filme. É o resgate do que eu não filmei na época. Eu nunca me recuperei do impacto dessa perda. Eu me sentia desarvorado, assustado, sem saber o que fazer. Eu que filmava tudo, porque não fiz nada naquele momento? O clima político era quase irrespirável, me sentia impotente, vendo, mais uma vez, a história desabar sobre nós com a sua força destruidora?, conforme depoimento do cineasta em sua biografia Alguma Solidão e Muitas Histórias, escrito por Maria do Rosário Caetano para a Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado. O ambiente tenso dos anos 70 será relembrado no filme, a partir dos 30 depoimentos de pessoas que fizeram parte desta história e conviveram com Vlado. Pessoas como D. Paulo Evaristo Arns, José Mindin, Clarice Herzog, os advogados que abraçaram o caso, jornalistas e amigos que compartilharam os dias de angústia, desespero e sofrimento. ?São histórias das vivências de cada um deles e a partir delas chegaremos à história coletiva. Foi duro para mim e para todos os envolvidos neste projeto relembrar o que aconteceu?, ele diz, explicando que sempre sentiu desejo de contar melhor todos esses fatos. ?Vlado foi o símbolo da luta contra a ditadura e muitas vezes corre-se o risco do mito sufocar a verdade?, complementa Andrade. O cineasta mineiro já dirigiu 11 longas-metragens, além de 49 curtas e médias-metragens para cinema e TV. Entre seus trabalhos estão Doramundo, O País dos Tenentes e O Homem que Virou Suco, medalha de Ouro no Festival de Moscou em 1981.

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