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'A Globo nunca nos disse - isso pode, isso não', diz Marcelo Adnet

Humorista fala sobre a carreira e seu novo filme. 'Estado' visitou com exclusividade a filmagem de 'Os Penetras - Quem Dá Mais?’

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

ENTREVISTA - Marcelo Adnet, Humorista - 'Gosto de humor-cabeça, não de torta na cara'

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O humorista fala de referências, do talk-show que está preparando e de como é criticar a Globo na própria emissora

Já passa da meia-noite, quase uma da manhã, e boa parte da equipe já foi jantar, mas Marcelo Adnet sacrifica seu tempo para conversar com o repórter. Fala de Os Penetras - Quem Dá Mais?, do ‘fracasso’ de O Dentista Mascarado e do ‘sucesso’ do Tá no Ar - A TV na TV.

Como você explica o que ocorreu com O Dentista?

O público que me conhecia da MTV talvez esperasse que eu fizesse a mesma coisa na Globo. E o público que não me conhecia na Globo encarou com reservas o tipo de trama, sobre um dentista (o Dr. Paladino) de dia e justiceiro à noite. Mas foi importante para mim porque a produção era muito cuidada e bem diferente da MTV. Foi minha entrada num outro esquema. Meu humor é sempre autoral e veio essa outra ideia que desenvolvemos, Marcius Melhem e eu, e resultou no Tá no Ar.Muita gente vê no programa ecos de TV Pirata, do Casseta e Planeta. O que você responde? São programas que via muito, que formaram meu imaginário. Ria muito com aqueles personagens, aquelas situações todas, adorava a Escolinha do Professor Raimundo e está sendo muito especial participar do remake, mas o Tá no Ar difere de todos porque não faz um humor do cotidiano.Existe em função da TV. Não existiria se não houvesse o zapping.

Você não tem tido problemas com aquele personagem que critica tanto a Globo?

Todo mundo quer saber dos limites que a Globo impõe. Nós mesmos (Marcius Melhem e ele) nos perguntávamos - até onde poderemos ir? Mas a Globo nunca nos disse - isso pode, isso não. E a gente vai indo. É uma questão de autocensura, não estou falando de acomodação. Acho que todo artista responsável tem de ter. A gente vai fundo, mas não estamos forçando a barra só para que digam que a gente é ousado. É gostoso de fazer. A gente se diverte e até se surpreende com as reações. Numa emissora que atende a todas as classes, temos conseguido atingir todo mundo com nossa proposta de metalinguagem da própria televisão.

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Já que falamos da TV Pirata, do Casseta, quais são as suas referências?

São essas, e também Monty Python, o Professor Raimundo e o grupo Top Lista Nadrealista, que existia na TV Sarajevo e se dissolveu com a Guerra da Bósnia. Gosto de humor-cabeça, que tenha pausa, sutileza, alguma construção, não de torta na cara.

E o seu talk-show, sobre o qual tanto se fala?

Gravamos um piloto tendo Mateus Solano como convidado. Ainda não sabemos sobre o horário, dia da semana e sobre a própria estrutura. É um programa que está em desenvolvimento e ainda não temos quase nada concreto. Precisamos de uns meses pra desenvolver. Aproveito para esclarecer que não se trata de uma substituição de Jô Soares. São programas distintos e o início de um não depende do fim de outro. Além disso, estou participando da dublagem do Angry Birds, fazendo o personagem Red.