'A Festa da Menina Morta' nasce bem no Festival de Cannes

Filme, que é a estréia do ator Matheus Nachtergaele na direção, teve palmas generosas no final da sessão

PUBLICIDADE

Por Flavia Guerra
Atualização:

O terceiro longa-metragem brasileiro em competição no 61.º Festival de Cannes fez sua estréia na Croisette com ótima acolhida. A Festa da Menina Morta, estréia do ator Matheus Nachtergaele na direção, lotou nesta quarta-feira, 21, a sala Debussy e teve palmas generosas no final da sessão. "Este é um filme sobre a espiritualidade e não sobre religião. É o resultado de anos de pesquisa, trabalho meu e do Hilton Lacerda em cima do roteiro e da busca por um entendimento maior do que é o espírito do brasileiro", comentou Matheus logo após a sessão. Veja também: Acompanhe a cobertura no blog do Merten   Teste seus conhecimentos sobre o Festival de Cannes  Galeria de fotos do Festival de Cannes  Rodrigo Santoro chega a Cannes para estréia de 'Che' Filme de Clint Eastwood é ovacionado no Festival de Cannes A Festa concorre na sessão paralela Un Certain Regard e traz não só Matheus se revelando um diretor competente mas também prova que o jovem cinema brasileiro vai muito bem, obrigado. A fotografia que joga o tempo todo com o conceito de claro-escuro de Lula Carvalho (de Tropa de Elite) e a atuação precisa de Daniel de Oliveira (o protagonista do filme, Santinho) são ótimas surpresas do já bem cotado cinema brasileiro nesta edição do festival. "Este foi um processo muito interessante. Foi lúdico mesmo. Eu e todos do elenco nos mudamos praticamente para Barcelos e nos mimetizamos com a comunidade local. Todos tinham que conhecer cada universo de seus personagens e entregar um trabalho para o Matheus toda semana", contou Daniel. Em linhas gerais, A Festa conta a história de uma comunidade perdida na imensidão da Amazônia, que todos os anos dedica uma festa religiosa à Menina Morta, uma garotinha que morreu misteriosamente e cujos restos de seu vestido foram levados para Santinho por um cachorro. O então menino Santinho passou a ter revelações e operar milagres. E uma nova seita, religião ou liturgia nasceu a partir do fato. E passou a jusficar uma existência até então perdida em meio à prisão natural que a Floresta Amazônica se transforma para muitas comunidades isoladas do mundo. " Este filme conta não só muito sobre o encontro com a dor, a fatalidade, o inevitável da fé humana, mas também diz muito sobre a tão famosa sinergia religiosa do brasileiro. A menina nasceu. Viva e muito bem. Estou muito feliz de estar aqui", completou Matheus.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.