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60 anos depois, "Casablanca" ainda arranca suspiros

Filme estreou em 26 de novembro de 1942, sem grandes expectativas por parte da Warner. No entanto, a história de amor de Rick Blaine e Ilsa Lund tornou-se um dos maiores sucessos de todos os tempos e mudou definitivamente o cinema

Por Agencia Estado
Atualização:

"Louie, acho que este é o começo de uma bela amizade" é a frase que encerra Casablanca, o clássico de Michael Curtiz que faz 60 anos de lançamento hoje. Ele estreou no dia 26 de novembro de 1942, quando a Segunda Guerra Mundial estava no apogeu e se tornou numa das mais cultuadas histórias de amor que o cinema já produziu. É um filme que ainda arranca suspiros dos namorados e que funciona até hoje porque conta uma empolgante paixão de um homem e uma mulher que têm de sacrificá-la em nome de um dever, derrotar os nazistas. O curioso é que quando Casablanca estava sendo feito ninguém imaginava que o filme seria algo mais que uma rotineira produção da Warner. O elenco era classe A, os coadjuvantes foram muito bem escolhidos, mas o orçamento era baixo (tanto que não foi possível ter um avião de verdade para o fundo da cena do aeroporto) . Havia poucas expectativas quanto ao sucesso do filme e todo mundo envolvido na realização já fizera muitos parecidos com ele. Era adaptado de uma peça, Everybody goes to Rick´s, de Murray Bennett e Joan Alison, que nunca foi encenada com êxito. Segundo foi contado muitas vezes, o diálogo era feito pouco antes das filmagens, aos pedaços. O que deve ter ajudado é que os personagens eram como que copiados das imagens que os atores já tinham na tela, o que pode ter impedido que os diálogos fossem escritos num tom errado. Humphrey Bogart, o Rick Blaine, já tinha interpretado dúzias de heróis fortes, mas com um lado cínico e frustrado. No filme ele é o americano chegado à bebida, que tem um bar-restaurante em Casablanca na época em que Marrocos era um ponto de encontro de espiões, traidores, nazistas e da Resistência francesa. As seqüências iniciais brincam com a comédia, o diálogo passa do sarcasmo às frases de efeito. Quando o coronel nazista pergunta a Rick: "Qual é sua nacionalidade?", ele responde: "Bêbado." E logo dá seu código pessoal: "Não ofereço o pescoço por ninguém." Depois, acontece que exatamente "de todos os botecos de gim no mundo todo, ela entra no meu". Ela, Ilsa Lund (Ingrid Bergman), é a mulher que Rick amou anos antes em Paris. Com a invasão alemã, ele arma a fuga da capital francesa. Ele a espera na estação de trem e por fim acaba acreditando que ela o abandonou. Agora, ela está com Victor Laszlo (Paul Henreid), um herói lendário da Resistência. Tudo isto é informado ao espectador em poucas tomadas. O pianista do bar, Sam (Dooley Wilson, que na verdade era baterista e só finge tocar As Time Goes By, a imortal música-tema), fica espantado de vê-la e Ilsa pede que toque a canção. Ele hesita, mas obedece e Rick surge furioso quando, então, reencontra Ilsa. Um flashback mostra como os dois se encontraram em Paris e a história de amor ganha, então, contornos dramáticos, pois Rick e Ilsa se vêem no conflito entre viver a paixão que não morreu e ajudar Laszlo e a causa antinazista. O filme trata disso de forma magistral e, de 1942 em diante, o cinema nunca mais foi o mesmo.

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