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44ª Mostra Internacional de Cinema: fãs já se preparam para uma nova maratona

Novatos e habitués aguardam as novidades de uma Mostra diferente

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

O novo formato da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – totalmente online, com ingressos mais baratos – desperta curiosidade tanto em antigos habitués como também em novos frequentadores, interessados justamente pelas novidades impostas pela pandemia do novo coronavírus.

“É mais prático, pois posso escolher o horário para ver os filmes que me interessam”, comenta o ator Alessandro Hernandez, que nasceu em 1977, ano da primeira Mostra, e que frequenta o festival há 20 anos, sendo mais intensamente nos últimos oito. “E eu, que estou habituado a ver filmes em streaming e nunca fui à Mostra, quero conhecer a produção de países que pouco conheço”, comenta o blogueiro Diorman Werneck, de 29 anos, que pilota o site Cansei de Ser Pop, sobre cultura pop.

Diorman.Blogueiro se acostumou a ver filme na madrugada. Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Embora os motivos sejam diversos, ambos buscam saborear a mesma experiência, oferecida apenas pela Mostra, entre os festivais de cinema de São Paulo: inúmeras descobertas. “O fato de essa edição ser online vai deixar como grande falta a oportunidade dos encontros”, comenta Hernandez. “Um dos grandes charmes da Mostra é a possibilidade de as pessoas circularem por diversas salas de cinema e, ao se encontrarem, trocarem ideias sobre os filmes imperdíveis e também aqueles que merecem ser vistos.”

Essa troca de opiniões, muitas vezes acaloradas (como bem sabem os mais antigos frequentadores), vai se concentrar nas redes sociais – a organização da Mostra não pretende manter um canal oficial para a socialização dos comentários, pois acredita que isso ocorrerá naturalmente. “Nesse assunto, estou muito familiarizado, pois mantenho contato com pessoas já habituadas a manter uma grande rede de opiniões sobre filmes e séries – vou agora descobrir quem gosta de fazer isso com os longas da Mostra”, comenta Werneck, que considerou aceitável o valor de R$ 6 que será cobrado para a visualização de cada filme.

Hernandez também aprovou esse quesito – habituado a comprar os pacotes de ingressos que o festival normalmente oferece (“comecei com o de 20 bilhetes, mas logo troquei pelo de 40, pois o outro acabava rapidamente”), ele acredita que, desta vez, custo-benefício será compensador. “Antes, quando eu dividia o valor do pacote pela quantidade de filmes, o preço unitário era superior a R$ 6”, observa. “E agora há a possibilidade de o mesmo valor servir para assistir a filmes com outras pessoas, o que é até mais democrático – não precisar de pacote é melhor.”

Alessandro. Ator não pretende fazer maratona de longas. Foto: Taba Benedicto/Estadão

O fato de os filmes só poderem ter no máximo 2 mil acessos não é tão tranquilizador, acredita Hernandez – para ele, haverá a mesma grande procura pelos longas mais badalados, aqueles que chegam com premiação em festivais como Berlim e Veneza, como sempre acontece na Mostra. “O número de acessos é maior que a quantidade de lugares que haveria disponíveis se o filme fosse exibido em diversas sessões no cinema, mas é preciso lembrar que agora haverá público em todo o País, portanto, a disputa poderá ser maior.” Como de hábito, o ator já pretende separar os filmes laureados assim como os de seus diretores preferidos. E assistir em aparelhos como laptop ou televisão não será tão torturante. “Durante a pandemia, eu me acostumei a ver filmes em casa, ainda que eu lamente não poder ver em tela grande.”

Já a experiência, se é mais recente para Hernandez, é conhecida de longa data por Werneck, cujo hábito de assistir a filmes em streaming, navegando entre Netflix, Amazon Prime e outras, se solidificou nos últimos anos. “Eu me acostumei a ver longas e séries em aparelhos como celular e em qualquer hora do dia ou da noite, especialmente na madrugada”, conta o blogueiro, já interessado em filmes como Zanka Contact, de Ismaël El Iraki, Crianças do Sol (Sun Children), de Majid Majidi, e até na minimaratona que normalmente são os trabalhos de Lav Diaz, desta vez representado por Gênero Pan.

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O que Hernandez não deverá repetir neste ano é a tradicional corrida entre os cinemas, passatempo preferido dos frequentadores habituais, ou seja, assistir a vários filmes em um único dia e em diferentes salas, o que implica em pequenas corridas pela cidade. “Gosto de ver até três longas numa única tarde, mas na Mostra tradicional – não sei se repetirei isso em casa.”

O consolo para todos, iniciantes ou veteranos, é que a haverá uma loja virtual na qual poderá ser comprado o catálogo, que continuará sendo impresso.

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