28º Festival de Gramado promete muito debate

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Por Agencia Estado
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Começa na próxima segunda-feira no Rio Grande do Sul o 28º Festival de Gramado - Cinema Latino e Brasileiro, o maior evento do gênero do Brasil. Será aberto às 19h30 no Centro Municipal de Cultura, já com a exibição de um filme concorrente, Las Profecías de Amanda, do cubano Pastor Vega, seguido do curta Conceição, dos brasileiros Heitor Dhalia e Renato Ciasca. O festival contará com nove longas-metragens disputando o troféu Kikito, representantes do Brasil, Argentina, Peru, Uruguai, Espanha, México e Cuba. Neste ano, os concorrentes estão novamente com um nível artístico muito bom, apesar de ter causado problemas para a seleção alguns diretores mais personalistas, como Ana Carolina, que dispensou do festival seu Amélia. A cineasta portuguesa Maria de Medeiros também se recusou a participar da mostra competitiva com seu Capitães de Abril, ficando restrita sua exibição às Premières Gramadenses, que chega à sua 3º edição. Essa relativa apatia de uns e outros com o festival revela certa estranheza e alguma disparidade de expectativas. Há quem queira que o Festival de Gramado tire a palavra "latino" do seu nome oficial, e volte a ser só nacional, como nos seus primeiros anos. Este regionalismo acanhado disputa espaço com as tentativas de, cada vez mais, internacionalizar o evento. Como pano de funo para esta disputa, o Festival vem enfrentando cortes no orçamento e no número de produções concorrentes (foram 14 em 98 e desde ano passado concorrem nove filmes) e chega ao ano 2000 como palco de grandes discussões sobre as novas bases do cinema nacional. O assunto foi recentemente esquentado no 3º Congresso Brasileiro de Cinema, também no Rio Grande do Sul, de onde saíram propostas como a que pedia 50% da programação dos cinemas para filmes não-americanos (leia-se aqui brasileiras, principalmente). Tudo aponta para um Festival de Gramado de muito debate, o que é ótimo. O momento mostra que o cinema nacional parece pender entre um retorno àquilo que foi (ou que não foi) o vácuo pós-cinema novo e uma retomada da trajetória aberta em meados da década de 90, dando então continuidade ao trabalho de gente como Carla Camuratti e seu ótimo Carlota Joaquina - A Princesa do Brazil. Rediscutir as relações entre cinema, empresa e público é mais que necessário. É urgente. Seleção - Depois das cartadas de Maria de Medeiros e Ana Carolina definiu-se por uma produção uruguaia no lugar da portuguesa (El Viñedo, de Esteban Schroeder), e pelo longa de estréia da atriz Florinda Bolkan, Eu Não Conhecia Tururu. Outros filmes brasileiros na mostra serão Estorvo, de Ruy Guerra, que foi indicado à Cannes, e Quase Nada, de Sérgio Rezende, que foi bastante elogiado na última Mostra de Cinema Independente de São Paulo. Os outros indicados são: El Pianista, do espanhol Mario Gas; El Mismo Amor, La Misma Lluvia, do argentino Juan José Campanella; Santitos, do mexicano Alejandro Springall; Pantaleon y Las Visitadoras, do peruano Francisco Lombardi, baseado no livro homônimo de Mario Vargas Llosa e Las Profecías de Amanda, do cubano Pastor Vega. Também serão premiados os melhores curtas-metragens brasileiros em 35 milímetros, onde concorrem 14 produções, com destaque para Aldeia, de Geraldo Pioli, Retrato do Artista Com um 38 na Mão, de Paulo Ham, Conceição, de Heitor Dhalia e Renato Ciasca e Cavaleiro Jorge, animação dirigida por Otto Guerra com traço de Fábio Zimbres. Na categoria curtas e médias-metragens de 16 milímetros concorrem 15 filmes. Nas sessões Prémieres Gramadenses, serão exibidos os seguintes filmes: La Vendedora de Rosas, do colômbiano Victor Galvíria; Leste/Oeste, do francês Régis Wargnier; os brasileiros Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi e Senta a Pua, de Erik de Castro; Capitães de Abril, de Maria de Medeiros e A Propósito de Buñuel, do espanhol José Luís López-Linares. O festival também contará com a mostra Cinema para Estudantes, onde produções brasileiras famosas, de Xuxa Requebra até o média Ilha das Flores, serão exibidas para os jovens da cidade. Uma mostra especial também vai levar parte dos filmes selecionados a projeções na perifeira da cidade, no programa chamado Cinema nos Bairros. E o Oscarito vai para... - O tradicional troféu Oscarito, que há onze anos homenageia personalidades do cinema, presenteou em 1999 o casal de produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto, responsável por filmes como Dona Flor e Seus Dois Maridos, O Quatrilho e O Que É Isso, Companheiro?. Este ano o troféu homenageia o ator Paulo José, por sua grande contribuição a arte cinematográfica brasileira. A premiação acontecerá na terça, dia primeiro de setembro, às 19h 30, e contará com a projeção de diversos trabalhos do aturo, como Todas as Mulheres do Mundo, O Padre e a Moça e Policarpo Quaresma - Herói do Brasil.

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