18 filmes sobre a ditadura militar e o golpe de 1964

Presidente Jair Bolsonaro propôs estabelecer comemorações no dia 31 de março para celebrar o golpe militar de 1964; veja 18 filmes que contam histórias do período

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Seria injusto dizer que o cinema brasileiro não se ocupou do golpe de 1964 ou dos efeitos da ditadura sobre a sociedade. Não só o fez, como o elegeu por tema logo após o acontecimento histórico. Já no ano seguinte, 1965, aparecia O Desafio, de Paulo César Saraceni. Dois anos depois, em 1967, é lançada a obra-prima do período, Terra em Transe, de Glauber Rocha.

Diversos outros filmes foram produzidos, confira seguir 18 dessas produções sobre o tema.

O DESAFIO, DE PAULO CÉSAR SARACENI (1965)

Primeira “reação” cinematográfica ao golpe de 1964, narra o romance da mulher de um industrial e um jornalista de esquerda (Oduvaldo Vianna Filho) em crise política e de identidade.

Cena deO Desafio, de Paulo César Saraceni (1965) Foto: Mapa Filmes

TERRA EM TRANSE, DE GLAUBER ROCHA (1967)

A obra-prima do período, tenta entender, de forma alegórica, as razões da não resistência ao golpe contra a democracia. É dos raros filmes que procuram compreender as estruturas sociais que fazem tão frágeis as instituições brasileiras. É mais do que atual.

Cena deTerra em Transe, de Glauber Rocha (1967) Foto: Mapa Filmes

CABRA MARCADO PARA MORRER (1964-1984)

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É a obra referencial do período militar. As filmagens de uma obra de ficção sobre um líder camponês, interrompidas pelo golpe, só seriam retomadas às vésperas da redemocratização, agora já buscando o paradeiro dos personagens originais.

Cena deCabra Marcado para Morrer (1964-1984) Foto: Eduardo Coutinho Produções Cinematográficas

O BOM BURGUÊS, DE OSWALDO CALDEIRA (1979)

Conta a história de um funcionário do Banco do Brasil que desviava dinheiro para a luta armada contra o regime. Inspirado no caso verídico do roubo do "cofre do Adhemar" por grupos armados.

Cartaz deO Bom Burguês, de Oswaldo Caldeira (1979) Foto: Encontro Produções Cinematográficas

PRA FRENTE BRASIL, DE ROBERTO FARIAS (1982)

Filme que provocou tensão quando lançado ainda em pleno regime militar. Conta a história de um homem confundido com militante político que é torturado nos quartéis do aparelho repressor.

Cena dePrá Frente Brasil, de Roberto Farias (1982) Foto: Embrafilme

JANGO, DE SILVIO TENDLER (1984)

Um dos documentários de maior sucesso do cinema brasileiro, relata o tempo febril do governo de João Goulart e a articulação de direita para derrubá-lo.

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Cena deJango, de Silvio Tendler (1984) Foto: Caliban Produções Cinematográficas

NUNCA FOMOS TÃO FELIZES, DE MURILO SALLES (1984)

Baseado em relato de João Gilberto Noll, conta, em tom sutil, o relacionamento de um adolescente com seu pai, militante clandestino da resistência.

Cena deNunca Fomos Tão Felizes, de Murilo Salles (1984) Foto: Embrafilme

QUE BOM TE VER VIVA, DE LÚCIA MURAT (1989)

Tendo ela própria sido presa política, a diretora Lucia Murat resgata a memória de um grupo de mulheres que pegaram em armas contra o regime militar.

Cena deQue Bom Te Ver Viva, de Lúcia Murat (1989) Foto: Reprodução

LAMARCA, DE SÉRGIO REZENDE (1994)

Cinebiografia de Carlos Lamarca (vivido por Paulo Betti), um dos líderes da luta armada contra o regime, morto na Bahia pelos órgãos de repressão.

Cena deLamarca, de Sérgio Rezende (1994) Foto: Morena Filmes

O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?, DE BRUNO BARRETO (1997)

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Baseado no bestseller de Fernando Gabeira, narra a saga do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969. O objetivo da ação, bem sucedida, era trocar o refém por prisioneiros políticos.

Cena deO que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto (1997) Foto: Sony Corporation of America

BATISMO DE SANGUE, DE HELVÉCIO RATTON (2007)

Relato da trágica trajetória de Frei Tito Alencar, dominicano que, preso e torturado, não resistiu às sequelas da prisão e suicidou-se na França.

Cena deBatismo de Fogo, de Helvécio Ratton (2007) Foto: Quimera

HÉRCULES 56, DE SILVIO DA-RIN (2007)

O documentário reúne os sobreviventes do grupo trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado em 1969 por organizações de esquerda. O título refere-se à matrícula do avião da FAB que levou os ativistas para o exílio.

Cena deHércules 56, de Silvio Da-Rin (2007) Foto: RioFilme

CIDADÃO BOILESEN, DE CHAIM LITEWSKI (2009)

Rara produção que fala dos vínculos do empresariado com a repressão política, através do perfil do empresário dinamarquês Hanning Albert Boilensen, do grupo Ultragás, acusado de financiar a tortura durante o regime militar.

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Cena deCidadão Boilesen, de Chaim Litewski (2009) Foto: Imovision

O DIA QUE DUROU 21 ANOS, DE CAMILO TAVARES (2013)

Documentário bastante completo, destaca a participação dos Estados Unidos no golpe que derrubou o presidente João Goulart em 1964.

Cena deO Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares (2013) Foto: Pequi Filmes

70, DE EMILIA SILVEIRA (2015)

O filme ouve as histórias de vida de alguns dos 70 presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher em 1970. O detalhe é que não falta humor à narrativa de eventos às vezes tão dramáticos.

Cena de70, de Emilia Silveira (2015) Foto: Globo Filmes

SOLDADOS DO ARAGUAIA, DE BELISÁRIO FRANCA (2017)

Documentário conta a história da guerrilha (1967-1974) pelas vozes de soldados locais, convocados compulsoriamente pelo Exército para lutar contra os guerrilheiros.

Cena de 'Soldados do Araguaia' Foto: Giros Produtora

DESLEMBRO, DE FLAVIA CASTRO (2018)

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Quando a anistia é decretada no Brasil, Joana precisa voltar ao Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Apaixonada por música e literatura, a adolescente, que deixou o País muito pequena, deve largar Paris para escrever sua vida em um lugar do qual mal se lembra.

Cena do filme 'Deslembro', de Flavia Castro Foto: Festival de Veneza/ Divulgação

MARIGHELLA, DE WAGNER MOURA (2019)

Biografia do guerrilheiro com Seu Jorge no papel principal, primeira direção de Wagner Moura, estreou no Festival de Berlim deste ano, e ainda não tem data para estrear no Brasil.

Seu Jorge e Wagner Moura no set de 'Marighella' Foto: Ariela Bueno/Divulgação

/ Colaborou Guilherme Sobota - O Estado de S. Paulo