
27 de março de 2019 | 11h40
Seria injusto dizer que o cinema brasileiro não se ocupou do golpe de 1964 ou dos efeitos da ditadura sobre a sociedade. Não só o fez, como o elegeu por tema logo após o acontecimento histórico. Já no ano seguinte, 1965, aparecia O Desafio, de Paulo César Saraceni. Dois anos depois, em 1967, é lançada a obra-prima do período, Terra em Transe, de Glauber Rocha.
Diversos outros filmes foram produzidos, confira seguir 18 dessas produções sobre o tema.
Primeira “reação” cinematográfica ao golpe de 1964, narra o romance da mulher de um industrial e um jornalista de esquerda (Oduvaldo Vianna Filho) em crise política e de identidade.
A obra-prima do período, tenta entender, de forma alegórica, as razões da não resistência ao golpe contra a democracia. É dos raros filmes que procuram compreender as estruturas sociais que fazem tão frágeis as instituições brasileiras. É mais do que atual.
É a obra referencial do período militar. As filmagens de uma obra de ficção sobre um líder camponês, interrompidas pelo golpe, só seriam retomadas às vésperas da redemocratização, agora já buscando o paradeiro dos personagens originais.
Conta a história de um funcionário do Banco do Brasil que desviava dinheiro para a luta armada contra o regime. Inspirado no caso verídico do roubo do "cofre do Adhemar" por grupos armados.
Filme que provocou tensão quando lançado ainda em pleno regime militar. Conta a história de um homem confundido com militante político que é torturado nos quartéis do aparelho repressor.
Um dos documentários de maior sucesso do cinema brasileiro, relata o tempo febril do governo de João Goulart e a articulação de direita para derrubá-lo.
Baseado em relato de João Gilberto Noll, conta, em tom sutil, o relacionamento de um adolescente com seu pai, militante clandestino da resistência.
Tendo ela própria sido presa política, a diretora Lucia Murat resgata a memória de um grupo de mulheres que pegaram em armas contra o regime militar.
Cinebiografia de Carlos Lamarca (vivido por Paulo Betti), um dos líderes da luta armada contra o regime, morto na Bahia pelos órgãos de repressão.
Baseado no bestseller de Fernando Gabeira, narra a saga do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969. O objetivo da ação, bem sucedida, era trocar o refém por prisioneiros políticos.
Relato da trágica trajetória de Frei Tito Alencar, dominicano que, preso e torturado, não resistiu às sequelas da prisão e suicidou-se na França.
O documentário reúne os sobreviventes do grupo trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado em 1969 por organizações de esquerda. O título refere-se à matrícula do avião da FAB que levou os ativistas para o exílio.
Rara produção que fala dos vínculos do empresariado com a repressão política, através do perfil do empresário dinamarquês Hanning Albert Boilensen, do grupo Ultragás, acusado de financiar a tortura durante o regime militar.
Documentário bastante completo, destaca a participação dos Estados Unidos no golpe que derrubou o presidente João Goulart em 1964.
O filme ouve as histórias de vida de alguns dos 70 presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher em 1970. O detalhe é que não falta humor à narrativa de eventos às vezes tão dramáticos.
Documentário conta a história da guerrilha (1967-1974) pelas vozes de soldados locais, convocados compulsoriamente pelo Exército para lutar contra os guerrilheiros.
Quando a anistia é decretada no Brasil, Joana precisa voltar ao Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Apaixonada por música e literatura, a adolescente, que deixou o País muito pequena, deve largar Paris para escrever sua vida em um lugar do qual mal se lembra.
Biografia do guerrilheiro com Seu Jorge no papel principal, primeira direção de Wagner Moura, estreou no Festival de Berlim deste ano, e ainda não tem data para estrear no Brasil.
/ Colaborou Guilherme Sobota - O Estado de S. Paulo
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