1000 filmes do Merten: Jocy de Oliveira, ópera e cinema

Com uma data já prevista para a reabertura dos cinemas, o streaming segue como alternativa confiável para os cinéfilos

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Com uma data já prevista para a reabertura dos cinemas – no dia 27 de julho –, o streaming segue como alternativa confiável para os cinéfilos. Uma experiência singular – uma ópera concebida para cinema – deveria estrear nas salas, mas, por conta da pandemia, a distribuidora Bretz e a autora Jocy de Oliveira resolveram colocar Liquid Voices – A História de Mathilda Segalescu diretamente no VOD. 

Na Netflix encontra-se outra experiência singular. Os filmetes rodados por 17 cineastas isolados ao redor do mundo, Homemade.

Jocy de Oliveira em sua casa no Leblon Foto: Fabio Motta/Estadão - 25/05/2017

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Liquid Voices

Jocy de Oliveira já deve estar acostumada a fazer história. Primeira mulher a ter uma ópera encenada no Teatro Municipal de São Paulo, vencedora do Jabuti, homenageada da Flip, etc. A ambição desse projeto é imensa. Uma ópera concebida para cinema e que opera na intertextualidade de várias mídias. Música, teatro, cinema. A história baseia-se num episódio real da 2.ª Guerra Mundial – a última e trágica viagem do Struma, navio que partiu da Romênia com refugiados judeus em direção à Palestina, em 1941, e naufragou perto de Istambul.

Nesse quadro, surge a personagem ficcional Mathilda Segalescu, uma cantora lírica que morre, mas seu piano sobrevive e é recolhido por um pescador árabe da costa da Turquia, que desenvolve uma relação amorosa com o espectro da diva. A ópera cinemática estreou no London Festival, no ano passado, recebendo um prêmio pelo desenho de som. Foi filmada nas ruínas do Cassino da Urca, no Rio.

É um trabalho rico em texturas, complexo. A história feita ficção musical. A soprano Gabriela Geluda e o tenor Luciano Botelho são os protagonistas. Importante é que, simultaneamente, o projeto deu origem ao livro Além do Roteiro, que está saindo em versão bilíngue – Beyond the Script – pela Faria e Silva Editora. Disponível no Now, Looke e Vivo Play.

Homemade

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Pablo Larraín conseguiu reunir nomes conhecidos como Sebastián Lelio, Paolo Sorrentino, Nadine Lababi, Naomi Kawase e muitos outros em torno da ideia de dar testemunhos sobre o isolamento social. Os chilenos destacam-se – Larraín, com a última chamada de um velho Don Juan que é desmascarado por uma ex. Lelio adota o formato musical de forma criativa. Também ótimos – Sorrentino, com os bonequinhos da rainha Elizabeth II e o papa Francisco; Nadine e o marido compositor, Khaled Mouzanar, filmando a própria filha, e a paquistanesa Gorinder Chadhra, radicada em Londres, filmando a família, o marido e o casal de filhos. Talvez seja o melhor dos 17.

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