PUBLICIDADE

1º Festival Digital do Brasil anuncia os competidores

Por Agencia Estado
Atualização:

O mundo parece prestes a se transformar num grande amálgama de códigos binários. Música, televisão, jornal, cinema, tudo parece repousar sobre a mesma égide, encarar a mesma realidade: a revolução digital. Não se falou de outra coisa neste ano. Todos os festivais de cinema inauguraram nos últimos dois anos categorias para a modalidade, com exceção de Gramado (RS), Cuiabá e o Guarnicê (São Luís). Já era hora do Brasil ter seu festival exclusivo para o formato, e assim nasce o Brasil Digital, o 1º Festival de Brasileiro de Cinema na Internet. A partir de 16 de novembro, no site oficial do Brasil Digital, estarão disponíveis 30 filmes, selecionados entre 198 trabalhos inscritos desde julho deste ano. "Há três anos divulgamos tudo referente ao audiovisual pela Internet. Temos um trabalho grande relacionado a experimentalismo em vídeo e sobre cinema na rede, e achamos que seria interessante realizar um evento assim", explica Francesca Azzi, coordenadora geral do festival, referindo-se à Zeta Filmes, uma empresa de divulgação e promoção cultural pela Internet, com sede em Belo Horizonte (MG). Em parceria com o guia virtual de mídia Justoaqui e com a Real Networks, a Zeta Filmes conseguiu viabilizar a idéia, "uma forma de dar espaço para o audiovisual de curta-metragem brasileiro, bem como informar os realizadores que existe esse formato para a divulgação de seus filmes", completa Francesca. Os vídeos, com duração de até dez minutos, estarão disponíveis para visualização com o plug-in Real Player, em velocidades diferentes para banda larga e para conexão discada. O internauta poderá ver os vídeos e dar seu voto por e-mail. Eles escolherão o melhor filme entre todas as categorias do festival. As categorias são: "Animatec", para vídeos de animação, ".Doc", para filmes com proposta documental, e "E-Cinema", para qualquer vídeo experimental ou ficção, realizado em qualquer formato. O júri oficial decidirá os melhores vídeos para cada uma dessas categorias. Nele estão Amir Labaki, jornalista e diretor do festival É Tudo Verdade, Arlindo Machado, doutor em comunicações e professor da PUC-SP e USP, o cineasta Carlos Richenbach, o diretor, videomaker e apresentador Marcelo Tas, e Léa Beatriz Zagury, diretora e fundadora do festival Anima Mundi. Enquanto a organização do festival ainda batalha por mais premiações, cada um dos ganhadores deve garantir uma câmera digital, asseguradas pela Justoaqui. Os selecionados mandaram cópias de seus filmes para a Zeta Filmes, que cuidou da digitalização de todo material, a fim de que o padrão de qualidade de todos filmes fosse semelhante. Ainda há a intenção de realizar uma "mostra paralela" que apresenta, fora de competição, alguns dos bons filmes que ficaram de fora da competição. Experimentalismo e diversificação - "Trata-se de um tipo de festival um pouco inusitado, e por isso há uma certa cautela no que diz respeito à apoio financeiro, mas mesmo assim projetamos fazer edições anuais, e queremos estender ainda mais esse formato", visualiza Francesca. Segundo ela, os planos para os próximos anos é permitir vídeos maiores e feitos especialmente para este formato - o que não aconteceu com nenhum dos selecionados desta primeira edição. Ao contrário, alguns deles vêm de uma seqüência de exibições em festivais de cinema convencionais Brasil a fora. É o caso da animação Deus É Pai, de Alan Sieber, ganhadora de alguns prêmios, resultado da sarcástica sessão de análise terapêutica pela qual passam Deus - o pai distante -, e Jesus - o filho rebelde. Outro filme que já rodou por aí e fez nome é o curta O Mundo Segundo Sílvio Luiz, de André Francioli, que mostra as visões de um locutor de futebol sobre cenas cotidianas da vida. Porém, a seleção bem diversificada, sempre caracterizada pela linguagem ou técnica experimental ("pré-requisito fundamental", segundo Francesca), permite o acesso a filmes não tão conhecidos mas não por isso menos originais. Inside My Mind Again, Conrado Almada e Leandro HBL, que fizeram uma animação que tem como base uma composição de fotos em slide, modificada em Photoshop. O quase impronunciável Maxicosmos das Células Plásticas, de Adriana Peliano, mostra uma animação feita em stop motion (a mesma técnica usada para animar massa de modelar) na qual trabalha com brinquedos e sucata. Outras expressões artísticas como suporte para experimentos jornalísticos marcam a categoria ".Doc". Por exemplo, Bendito, de Tibico Brasil, trata dos romeiros de Juazeiro do Norte a partir do trabalho do fotógrafo Tiago Santana. E Olhos Pasmados, de Jurandir Müller e Koko Goifman, denuncia a violência contra os idosos a partir de um poema de Rimbaud. A categoria "E-Cinema" não fica para trás na ousadia. O curta A Máquina, de Leandro Rial, conta a curiosa história de um charlatão, que descobre num de seus golpes que pode se comunicar com os mortos pela máquina de escrever. Outro destaque é o trash-B de um minuto Fast Food, de Diego de Godoy e Rodrigo Pesavento, onde é exibida a sombria história de criaturas famintas, a procura de comida pela noite.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.