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Wanderléa busca as flores de outras estações sonoras

Cantora grava choro, samba, reggae, blues, baladas e um standard americano

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Por Redação
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Foi assim. Entre 1972 e 1978, Wanderléa registrou quatro álbuns com os quais tentava se afastar da imagem da "Ternurinha" da jovem guarda. Cantou Assis Valente, Walter Franco, Egberto Gismonti, Gilberto Gil. Os anos se passaram e o estigma permaneceu, com o público e as gravadoras sempre esperando dela Pare o Casamento, Ternura, Foi Assim. Agora, mais uma vez, a cantora busca as flores de outras estações sonoras com Nova Estação (Lua Music), que terá temporada de lançamento a partir de hoje no Teatro Cosipa. Wanderléa canta desde os 9 anos e muito antes de atuar no programa Jovem Guarda, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos, foi crooner da orquestra de Astor e do regional de Canhoto, em bailes e programas das rádios Mayrink Veiga e Nacional. Cantava blues, twist e canções brasileiras da pré-bossa nova. Cada faixa de Nova Estação tem relação com essa história. "Há muita coisa legal pra gravar. É que não me deixaram. Agora não tem mais pressão de gravadora e não preciso provar mais nada pra ninguém", diz a cantora, que já deu outro passo firme este ano, quando recuperou o repertório do álbum Maravilhosa (1972) para um show gravado em DVD. O lançamento foi adiado para 2009 para não encavalar com o de Nova Estação. Thiago Marques Luiz selecionou o repertório com ela e dividiu a produção do CD com o guitarrista e violonista Lalo Califórnia, marido da cantora, também responsável pelo samples. A faixa-título é de Thomas Roth, que assina a direção-geral. Gravada antes por Elis Regina, a canção tem letra significativa para ela: "Nova esperança, bate coração/ Renascer cada dia/ Como a luz da manhã/ Despertar sem medo, enganar a dor/ Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar." "Essa música caiu como uma luva para tudo o que eu gostaria de dizer. De certa forma, é uma versão atualizada de Tempo do Amor, só que a linguagem é mais madura. Quer dizer, vamos transpor barreiras e ser felizes, vamos cantar", celebra.. Além desse item pop, Wanderléa canta Choro Chorão de Martinho da Vila, baladas de Geraldo Azevedo (Dia Branco) e Arnaldo Antunes (Se Tudo Pode Acontecer), blues de Chico Buarque (Mil Perdões) e reggae de Luiz Melodia (Salve Linda Canção Sem Esperança). O samba dá as caras em três faixas: A Banca do Distinto (Billy Blanco), Samba da Preguiça (Roberto e Erasmo Carlos, de quem também recria Todos Estão Surdos) e um medley com três clássicos do gênero (Chiclete com Banana, Adeus América e Eu Quero um Samba). "Essa mistura de gêneros poderia ter ficado um ninho de gatos, mas o que deu a unidade foi a produção de Lalo, que é muito meticuloso", diz. Samba da Preguiça é um achado e a única faixa inédita do CD. Roberto e Erasmo fizeram a canção para Nara Leão, mas ela não registrou em disco. Só numa fita cassete que chegou a Léa pelas mãos do DJ Zé Pedro. Voltando à fase pré-jovem guarda, ele foi buscar sofiticação num standard americano, My Funny Valentine (Rodgers & Hart) e numa dobradinha de Johnny Alf (Eu e a Brisa e O Que É Amar). Há ainda Mais Que a Paixão (Gismonti), que foi título do LP da cantora de 1978. Fazia 16 anos que Wanderléa não lançava disco, o que não significa que tenha estacionado. Ela e o marido vivem experimentando coisas inusitadas em casa. "O bom é criar, lançar é secundário", diz ela. Uma dessas experiências não pôde entrar no CD. É que ela recuperou uma composição própria do tempo da jovem guarda, Imenso Amor (com Ronaldo, dos Golden Boys) e Lalo fez um arranjo com citação de Kashmir, do Led Zeppelin. A autorização demorou a chegar, mas saiu e a faixa estará na segunda edição do CD. L.L.G. Serviço Wanderléa. Teatro Cosipa (288 lugs.). Av. do Café, 277, telefone 5070-7018. Hoje, 21h30; amanhã, 21 h; dom., 18h30. R$ 30. Até 14/12

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