Volta o clássico A Moratória

Peça de Jorge Andrade retorna com o grupo Tapa

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Um clássico da dramaturgia brasileira, A Moratória, de Jorge Andrade, volta em cartaz nas mãos habilidosas do grupo Tapa. E o retorno, justamente quando o mundo vive outra grave crise econômica, só ressalta a atualidade do texto escrito em 1954. A ação se desenvolve ao longo de três anos, entre 1929 e 1932, e traz um impiedoso retrato da crise da aristocracia cafeeira, que perde seus bens e poder após a quebra da bolsa de valores de Nova York, justamente em um momento em que o Brasil vivia o início do processo de industrialização. São duas situações distintas, que Andrade apresenta em ações simultâneas em dois tempos e espaços: na fazenda, quando essa ainda é propriedade do patriarca Joaquim, e na cidade, já em uma casa modesta, para onde a família foi obrigada a se mudar, vivendo agora à custa da filha Lucília. A simultaneidade das ações remete a um outro clássico, Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Semelhança confirmada pelo diretor Eduardo Tolentino, como disse ao Estado em fevereiro, quando a peça estreou. "É influência assumida. Foi Décio de Almeida Prado quem recomendou a Jorge Andrade que lesse a peça de Nelson Rodrigues como inspiração de solução para os tempos diferentes", disse o diretor. O rigor da montagem, visto como excesso de sisudez por alguns, nada mais é que a excelência do trabalho do grupo.

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