Velho Chico encanta e ensina

Inúmeras razões para você conhecer pelo menos algumas das cidades cortadas pelo São Francisco

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Por Redação
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O rio que melhor conta a história da Região Nordeste merece muito mais que uma simples visita. Argumentos, com certeza, não faltam para convencer todos os tipos de turistas. Aos mais românticos, por exemplo, o pôr-do-sol de Petrolina (PE) e o clima bucólico da maior parte das cidades ribeirinhas já devem servir de incentivo. O Velho Chico foi e é tema corriqueiro de grandes escritores. E, assim, pela curiosidade literária, o convite se torna irrecusável. Enquanto Euclides da Cunha, há mais de cem anos, se preocupava com o assoreamento de suas margens, Guimarães Rosa falava dos contrastes de seus mais de 2.700 quilômetros de extensão, "um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza". Aos historiadores, basta saber que boa parte das construções históricas da pequena e aconchegante Penedo (AL) está em reforma. A vila, fundada em 1522, é o primeiro povoado da região. Ocupada por franceses em 1534, mantém um belo conjunto arquitetônico dos séculos 18 e 19. Por tudo isso, é conhecida como "Ouro Preto nordestina". O rio guarda ainda as histórias dos cangaceiros. Viu passar várias vezes o bando de Lampião e Maria Bonita e foi por lá também, bem próximo de sua margem, que eles foram assassinados - em Piranhas (AL), 1938. Sem sair da história e entrando a fundo na questão ambiental, perto de Piranhas, em Canindé do São Francisco (SE), a construção da Hidrelétrica de Xingó alagou algumas grutas onde se escondiam os integrantes do bando de Lampião, mas não prejudicou a paisagem. O represamento fez surgir um lago artificial, que pode ser observado de um mirante. Do alto ainda é possível ver o próprio rio e seus cânions. De barco ou catamarã, cenários espetaculares podem ser conferidos bem mais de perto, em passeios que duram três horas, em média. O São Francisco também é pivô de polêmicos projetos para reduzir a seca no Nordeste. Segundo o governo federal, a transposição de suas águas acabaria com o sofrimento de milhões de pessoas. Boa parte dos ambientalistas, porém, é contra a tese. Vá para lá e ganhe argumentos para formar ou reforçar sua própria opinião. Cheio de contrastes e surpresas, de uns tempos para cá o Velho Chico resolveu desafiar a natureza e produzir uva no calor nordestino. E está vencendo fácil a briga - pelo menos por enquanto. Em pleno sertão, no Vale do Rio São Francisco, as frutas, acostumadas ao frio, brotam da terra seca e são transformadas em milhares de garrafas de vinho. O sol constante subverteu a lógica da produção e permite safras novas por todo o ano. O sucesso é tamanho que foi criada uma rota pelas vinícolas locais, espalhadas por oito cidades, em Pernambuco e na Bahia (www.valedosaofrancisco.tur.br). As protetoras Ainda que sejam cada vez mais raras nas águas do Rio São Francisco, as carrancas seguem como um dos símbolos da região. As esculturas de madeira com características leoninas estão deixando de enfeitar a proa dos barcos para se tornarem objetos de decoração, em feiras e mostras no mundo inteiro. Em Estados como Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, artesãos, chamados de carranqueiros, mantêm viva a tradição e capricham na aparência assustadora das peças - não mais para afastar espíritos ruins do rio, mas para atrair bons compradores.

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