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Uma sucessão de sons e imagens no novo circo francês

O Cnac, pela primeira vez no Brasil, vai mostrar espetáculo inspirado no cinema

Por Livia Deodato
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Eles se contorcem, sobem e descem tecidos, balançam-se em trapézios, equilibram-se em arames e lançam-se ao topo da lona com a ajuda da báscula coreana, uma espécie de gangorra mais perigosa. Até aí, um espetáculo circense pronto para deixar olhos estáticos e bocas abertas de onde devem escapar uns "oooh!" entre um número e outro. Mas há algo de novo e encantador na arte que a vigésima turma formanda do Centre National des Arts du Cirque, o Cnac, traz pela primeira vez ao Brasil. Os artistas recém-diplomados pela escola profissionalizante, fundada há 22 anos em Châlons-en-Champagne, a 200 km de Paris, provam ser capazes de criar um mundo particular permeado por anjos, risos soltos, acrobatas melancólicos e indivíduos que desconhecem convenções. De hoje a domingo, montam esse seu universo singular no Memorial da América Latina, para depois seguirem como atração de abertura no Festival Mundial de Circo, que tem início no próximo dia 19 em Belo Horizonte. Intitulado 20e/Première (ou o primeiro trabalho da 20ª turma), o espetáculo dirigido por Georges Lavaudant contou com a colaboração de cada um dos 12 integrantes no desenvolvimento da trama, que de linear e lógica não tem nada. "Lavaudant mostrou imagens precisas do que tinha em mente para, a partir daí, cada aluno acrescentar o próprio olhar e oferecer uma interpretação", conta Catherine Coppéré, produtora e responsável pela inserção dos jovens profissionais no mercado de trabalho. "Assim, o diretor foi responsável pela unidade dos números de propriedade de cada intérprete." Ainda que tenham ido coletar diversas referências no circo tradicional mundial, Catherine atenta para o fato de que não há uma sucessão de cenas. "Diz muito mais a respeito da ambientação tanto cenográfica, quanto sonora. É uma mistura de dança, jogos, pouco texto, música e, é claro, circo." Aproximadamente 150 filmes, de Federico Fellini a Wong Kar-Wai, serviram como objetos de pesquisa para os figurinos e para a trilha: trechos de conversas, barulhinhos específicos, iluminação e cenários monocromáticos foram alinhavados no picadeiro cheio de malabares, mastros chineses e corda bamba. A vinda da trupe francesa ao Brasil não se limita apenas às apresentações: o desejo de intercâmbio cultural com seus pares é latente e workshops abertos não só para a classe, como para o público em geral, serão promovidos por aqui (dia 11, às 10 h, no Tendal da Lapa, tel. 3862-1837; dias 12 e 13, para 50 arte-educadores das Fábricas de Cultura). O diretor do Cnac, Jean-François Marguerin, quando de sua vinda ao País em 2007 para um seminário em Belo Horizonte, impressionou-se com algumas companhias brasileiras, como Zanni e Intrépida Trupe. O novo circo francês quer agora checar se essas estripulias são ou não feitas de mágica. Serviço Centre National des Arts du Cirque. Memorial da América Latina - Praça das Sombras (400 lug.). Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, 3823-4600. 6.ª, sáb., 3.ª e 4.ª, 21 h; dom., 19 h. R$ 16. Até 11/6

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