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Uma sessão nada pirata em Jundiaí

Fomos acompanhar uma exibição do polêmico Tropa de Elite na cidade

Por Patricia Villalba
Atualização:

Se depender de Jundiaí, o golpe da pirataria não tirará o brilho de Tropa de Elite quando finalmente chegar o dia da estréia oficial, 12 de outubro. Na quarta-feira, na sala 3 do cinema Maxicom, não eram poucas as pessoas que confessavam já ter visto o DVD que circula entre camelôs de todo o País. ''''Eu vi sim o pirata, e fiquei tão impressionado com o filme que quis muito ver em tela grande'''', diz o estudante Gustavo Bulhões. Assista ao trailer do filme Tropa de Elite Tropa de Elite será exibido na cidade até domingo, como parte de uma estratégia da produção para concorrer a uma indicação ao Oscar - o que já se sabe que não deu certo (leia texto ao lado). Passa uma vez por dia, às 16h30, um horário ingrato. Mesmo assim, a procura pelo filme de José Padilha que conta os bastidores das ações do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em repressão ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro, surpreende: na quarta-feira, eram 120 pessoas na fila. Amigo de Gustavo, o publicitário Renato Favarim não quis ver a cópia-pirata, para não perder o impacto. Mas era a segunda vez que ia ao cinema ver o filme. ''''A qualidade dele é superior, o som, a fotografia, a edição matadora, tudo. E a atuação do Wagner Moura (que interpreta o narrador da história, o Capitão Nascimento), pelo amor de Deus!'''', elogia. ''''São quatro e meia da tarde, e olhe como a sala está cheia. Será que tinha tanta gente assim para ver O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias?'''', questiona Gustavo, ao ser informado de que Tropa não vai ao Oscar e depois de dizer que o filme com certeza ''''arrebentará'''' no exterior. Durante a sessão, as reações da platéia surpreendem. Como um verdadeiro ''''duro de matar'''', Wagner Moura conquista a platéia logo nos primeiros cinco minutos, que torce por ele e pelos seus ''''mocinhos'''' aos gritos. Quando diz ''''a nossa farda não é azul, é preta'''', as moças suspiram e se afundam na cadeira. E não por acaso, sinal dos tempos, as cenas extremamente violentas, em que soldados do tráfico são torturados chegam a ser aplaudidas em algumas fileiras do cinema. ''''Acho que as pessoas se sentem vingadas quando vêem policiais firmes e honestos maltratando bandido. Não importa se é policial corrupto ou traficante, alguém tem de pagar'''', pondera Renato. ''''A gente tem de levar em conta que o filme é contado sob o ponto de vista do policial (Nascimento). Então, não adianta ficar dizendo que o filme é fascista, porque ele segue a mente do policial, é um ponto de vista do problema do tráfico'''', anotou o estudante Ricardo Costa. A realidade das cenas e a maneira como a corrupção policial é tratada pelo roteiro, sem meias-palavras, impressionaram a platéia. ''''Acho que o meio policial é desse jeito mesmo, o filme é bem real'''', avalia o marceneiro Fábio Berro, que foi com a ex-mulher Iva Jesus à sessão. ''''A primeira pergunta que me vem à cabeça é: como a polícia deixou que fizessem um filme desses, tão real, que a põe em situação tão difícil?'''', questionou, em tom de elogio, o aposentado Rubens Vieira.

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