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Uma orquestra em busca do universal e do improviso

Vintena Brasileira apresenta no Sesc Avenida Paulista primeiro CD, De Baque Às Avessas, que explora jazz e ritmos brasileiros

Por Francisco Quinteiro Pires
Atualização:

Tudo começou numa oficina sobre prática de ritmos brasileiros. O pianista André Marques comandava, em Sorocaba, dezenas de jovens vindos de várias regiões do Estado de São Paulo. Era 2003. Durante esses encontros, além de improvisos, faziam-se os arranjos. A pesquisa durante os ensaios é a marca de nascença do grupo de 20 músicos que ganharia o nome de Vintena Brasileira e cujo primeiro CD - De Baque Às Avessas - será lançado hoje, às 19 h, no Instrumental Sesc Brasil, do Sesc Avenida Paulista. O show será transmitido pelo Sesc TV. Ouça trecho de Seu Zé no site Com dez composições, De Baque Às Avessas alia a linguagem do jazz, e a sua improvisação, aos gêneros brasileiros, como baião, frevo, maracatu. Todas as composições são do pianista André Marques, que dá aulas no Conservatório de Tatuí, no interior do Estado. A orquestra tem uma formação diferente: aos instrumentos tradicionais, como o violino, somam-se a gaita, o cavaco, a viola caipira, o bandolim, um naipe de quatro guitarras elétricas, o naipe de sopros, além da base de uma big band: piano, baixo e bateria. O processo de criação ocorre durante os ensaios. ''Eu venho com a melodia pronta e os arranjos vamos fazendo na hora'', diz André Marques. Ele afirma que esse modo de compor e arranjar vem da ''escola'' do multiinstrumentista alagoano Hermeto Pascoal. André Marques ingressou no grupo de Hermeto em 1994. Dois anos depois, ele formou com Ricardo Zohyo (guitarra), que seria sucedido por Fábio Gouvêa, e Cleber Almeida (percussão) o Trio Curupira. Esses trabalhos de pesquisa são fundamentais para entender as essências do método de criação e execução do Vintena Brasileira. Sobretudo a ''música universal'', termo de Hermeto que fala da mistura de vários elementos musicais dentro de um gênero. Para o Vintena Brasileira, essa mescla ocorre naturalmente. Essa fusão aparece de modo curioso na composição Seu Zé, dividida em três capítulos. Em três faixas, conta-se a história do desprezo de Seu Zé por Dona Epifânia, do arranca-rabo entre os dois e do final feliz. Na abertura do primeiro capítulo, surgem oito versos, cuja recitação é acompanhada por violas, que explicam a causa da dor de D. Epifânia e da briga entre o casal. A dolência vai dar lugar à disparada do andamento instrumental no capítulo 2 - o da briga -, sucedido pela serenidade, no último capítulo, em que a percussão parece dar regularidade ao caos dos sentimentos. O Vintena Brasileira é formado por Alexander de Souza (flauta e flautim) Marcos Crisósimo (trompete), João Paulo Ramos Barbosa (sax alto e flauta), Marcelo Pereira (sax soprano e flauta), Richard Ferrarini (sax tenor e flauta), João Paulo Gonçalves (guitarra), Marcelo Bugre (guitarra e viola caipira), Guilherme Fanti (guitarra e cavaquinho), Bruno Cavalcanti (guitarra), Michelle Antunes Ortega (violino), Samira Zeber (violino), Rayraí Galvão (gaita), Evandro Marcolino (bandolim e violão), Ana Malta (voz e percussão), Paulo Doniseti Leme (piano e percussão), Samuel Gustinelli Dexter (piano e percussão), Marcel Bottaro (baixo e percussão), Sérgio Frigério (baixo e percussão), Marcio Corrêa (bateria e percussão), Fúlvio Moraes (percussão). Serviço Vintena Brasileira. SescPaulista - Auditório (230 lug.).Av. Paulista, 119, 3179-3700.Hoje, 19 h. Grátis

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