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Todo dia, o sol da manhã vem e desafia os Paralamas

O primeiro álbum de inéditas do grupo em quatro anos, Brasil Afora liga na tomada um liquidificador sonoro com reggae, rock, baião e até... cheiro de mar

Por Roberta Pennafort
Atualização:

"A gente está cada vez mais Paralamas." A afirmativa, de Herbert Vianna, é citada por João Barone ao falar sobre o novo CD da banda. Primeiro de inéditas em quatro anos, Brasil Afora tem reggae, tem rock, folk e baião, bem ao estilo "liquidificador sonoro" característico do grupo. E tem cheiro de mar. Chegando às lojas às vésperas do carnaval, é "um disco de verão" - aos olhos e ouvidos de Carlinhos Brown, que entrou com duas faixas, "é pra fazer vender toda a cerveja e os pastéis quando tocar no quiosque da praia". O sol vem iluminando o trio desde Hoje, o último CD, de 2005, descrito pelos próprios como "festivo". O anterior, Longo Caminho (2002), fora o primeiro trabalho depois do grave acidente de ultraleve de Herbert (que recentemente completou oito anos). A propósito, ele está ótimo, tocando e compondo bastante, e animado com a proximidade da turnê deste novo trabalho. Puxado por A lhe Esperar, sucesso nas rádios já há um mês, o CD reafirma a "completa liberdade na busca" que compõe o DNA dos Paralamas, conforme a definição de seu vocalista. "Não existe aquilo de ?isso não está dentro do que a gente faz?", completa Bi Ribeiro. "A gente tem essa liberdade de poder atirar em várias direções. O importante é o discurso, falar do momento que a gente está passando agora. É o nosso verão 4.8", diz Barone, que é o caçula (vai fazer 47 anos). A lhe Esperar é de Arnaldo Antunes e Liminha. Sem Mais Adeus e Quanto ao Tempo, dois dos pontos altos, são de Brown (autor do mega-hit Uma Brasileira, também de Herbert) com parceiros, respectivamente, Alain Tavares e Michael Sullivan. O trio, junto há 27 anos, assina cinco músicas, que começaram a ser compostas desde 2007. Em 2008 veio o projeto conjunto com os Titãs, comemorativo dos 25 anos de carreira das duas bandas, e o disco - gravado entre duas cidades ensolaradas, Salvador e Rio - ficou para 2009. O clima praiano não era uma intenção deliberada desde o início, conta Barone. "A gente foi percebendo à medida que o repertório foi sendo eleito. É um disco bem mais luminoso, pra cima." Brown participa de Sem Mais Adeus e Zé Ramalho, convidado especialíssimo, aparece em Mormaço, cujos versos, de Herbert, lembram sua terra natal, João Pessoa (PB). O letrista verteu para o português a romântica El Amor, do amigo argentino Fito Paez. Nas letras de Taubaté ou Santos (Quero te pedir perdão/ Por viver assim aos prantos/ Quem sabe eu ainda te encontro/ Lá em Taubaté ou Santos) e em Brasil Afora (Rodando o Brasil Afora/ Sinto o vento, escrevo versos/ Filosofando a respeito/ Do que eu sonho em ter noção), fica marcado o caráter road do CD. "É uma alegria estar com nossa equipe rodando pelo planeta. Cansa, mas às vezes a gente está em casa e pensa: ?Como eu queria estar agora num ônibus pelo interior de São Paulo?!", brinca Barone. O interior de São Paulo ainda vai esperar. Os shows começam em maio, em Curitiba. Ao Canecão eles chegam nos dias 5 e 6 de junho; ao Citibank Hall, 19 e 20 do mesmo mês.

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