Toda menina londrina tem um quê de Cibelle Cavalli

Cantora radicada na Inglaterra faz primeiros shows no Rio e em SP no festival

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Cibelle mora num casarão de quatro ambientes em Dalston, East London, dividindo a moradia com artistas plásticos, baixistas, guitarristas, escultores. Um é meio turco, outro é jamaicano, outra é brasileira. Eles fazem seus móveis em uma marcenaria doméstica, e ela mesma fez sozinha a mesinha de seu quarto. Também têm um estúdio de gravação, e dividem uma utopia comum: a de uma espécie de socialismo de disciplinas artísticas, onde tudo seja, ao final, apenas arte. ''''Também sou artista plástica, uma artista plástica que trabalha com sons, palavras, como se estivesse fazendo um quadro.'''' Não por acaso, Cibelle adora Yoko Ono (''''O livro dela, Grapefruits, é um dos meus livros de cabeceira, é uma das grandes peças de arte já escritas'''', exalta-se). Cibelle é uma doce exilada brasileira em Londres, onde vive há cinco anos. Quando lançou seu primeiro disco no Brasil, The Shine of Dried Electric Leaves, no ano passado, foi um choque já na primeira faixa, uma canção muito recente de Tom Waits, Green Grass (do disco Real Gone). Alguns definiram o som (e ela parece gostar da definição) como ''''tropical punk''''. O maravilhamento ia num crescendo: da regravação de London London, de Caetano Veloso, com o neobicho grilo Devendra Banhart, à original e bucólica Minha Neguinha, feita para a amiga Vanessa da Matta. ''''Não tem regrinha para a música'''', diz Cibelle, que já é uma personalidade do mundo da música européia - há alguns dias, gravou em Glasgow, Escócia, para uma coletânea que tem, entre outros luminares, David Byrne e Franz Ferdinand. Delícia conversar com Cibelle, mesmo que por telefone, de tão longe - seu primeiro show no Brasil foi só na semana passada, no Recife, no festival Coquetel Molotov. Agora é a vez da ''''cereja no bolo'''', o TIM Festival, diz. Os ingressos estão esgotados para o show de São Paulo, no Auditório do Ibirapuera, mas ainda há tickets para o dia 26 de outubro, na Marina da Glória, Rio de Janeiro, palco que terá ainda shows da canadense Feist e da americana Cat Power. Cibelle é de uma franqueza desconcertante. Sua biografia, que está na página do MySpace, é ultra-heterodoxa. ''''Então eu descobri um disco do Benito di Paula e era de samba, e eu pensei que aquilo era para coroas. Mas uma faixa antes da última do lado B me fez chorar. Eu tinha 10 anos'''', ela conta. De um lado B de Benito di Paula e Apollo 9 - vão dar uma palhinha no show de Cibelle? ''''Se quiserem, é só pular no palco'''', avisa. Cruzando ruas sem medo, todo mundo abrindo caminho pra ela, como na canção, Cibelle surgiu no mundo da música no finzinho dos anos 90, quando o produtor iugoslavo radicado no Brasil, Suba (1961-1999), lançou uma faixa com a cantora no seu disco São Paulo Confessions, que saiu em 2000. O pai, morto quando ela tinha apenas 5 anos, era alagoano. A mãe, dona Marília, vive em Cabo Frio (RJ). Vai ser a primeira vez que assistirá ao show da filha, agora cantora do mundo. Cibelle quer vê-la na primeira fila. ''''Quando eu só tinha 5 anos, fazia um monte de desenhos e descia para a entrada do condomínio. Pregava os desenhos com Durex na parede e vendia por um cruzeiro. Ouvia Brahms e vendia desenhos. Minha mãe foi minha grande estimuladora, ela botou fogo na fogueira das artes. Essa foi minha infância.''''

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.