The Kooks, o pop que fisga ouvidos

Banda inglesa faz primeira apresentação no Brasil hoje - e vai ser deleite puro

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Por Jotabê Medeiros
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Canções deliciosamente assobiáveis, guitarras melodiosas e bem tocadas, músicas que parecem sobras de algum disco dos Beatles, The Who, Police ou dos Kinks, cheias de corinhos do-do-do-do ou da-da-da-da. Não é para ter dúvidas: o show do grupo inglês The Kooks, esta noite no Via Funchal, é puro garage rock, deleite puro. Ouça trecho da faixa Mr. Maker Duvidam? Basta começar ouvindo Mr. Maker, prima em primeiro grau de Lovely Rita, clássico de Sgt Pepper?s Lonely Heart Club Band. O grupo só tem dois discos, mas suas canções parecem anzóis fisgando nossos ouvidos. O mais recente, Konk, foi gravado em seis semanas no final de 2007 no estúdio Konk, de Ray Davies, dos Kinks, em Londres. O líder da banda, Luke Pritchard, tem aquela voz de garoto imberbe e esganiçado que se popularizou com o rock pós-Libertines, e manda muito bem nas guitarras e nas letras (escreve todas). É filho do músico inglês Bob Pritchard, que morreu quando o garoto tinha apenas 3 anos - uma história meio Jeff Buckley, filho que mal conheceu o pai cantor, Tim Buckley. O grupo tem, além de Luke, Hugh Harris (guitarra), Dan Logan (baixo) e Paul Garred (bateria. O nome da banda foi tirado da canção homônima contida no álbum de David Bowie de 1971, Hunky Dory (Soon you''ll grow so take a chance/With a couple of kooks/Hung up on romancing). O grupo foi formado na faculdade, na metade dos anos 2000 - todos os integrantes estudavam no Brighton Music College. O grupo começou a aparecer nas paradas britânicas ao mesmo tempo que o bombado (na época) Arctic Monkeys, mas não logrou tanta badalação. Em 2005, emplacaram a romântica You Don?t Love Me no Top 20 das emissoras. Em 2006, estrearam em disco com Inside in/Inside Out, que tornou famoso o single Naïve, número 5 nas paradas naquele verão. Não tem sido uma unanimidade sua carreira. A revista Rolling Stone deu ao "pub rock" de seu disco Inside in/Inside Out meras duas estrelas. "Há um par de britpop decentes nessa estreia, mas o resto é uterinamente esquecível, rock retrô flacidamente produzido que, em seus piores momentos, lembra uma versão com sotaque inglês dos Spin Doctors." Mas logo o grupo já estava comendo o mundo pelas beiradas. No mesmo ano de 2006, já tocavam como estrelas no festival South by Southwest, em Austin, Texas. Pritchard, em entrevista ao Independent, falava de suas ambições na música. Não queria fazer rock machão. "Baixar a guarda e se tornar vulnerável sempre foi uma parte importante de se tornar um músico pop", disse. Apesar de transitar no rock system inglês, ele disse que uma das pessoas mais inspiradoras com a qual travou contato foi com Debbie Harry, a mítica frontwoman da banda Blonde. "Há essa tradição maciça na qual a América e a Inglaterra sempre beliscam a música uma da outra. E eu me sinto parte disso, e tenho vontade de beliscar de volta algo muito bom para a nossa música", diz. Segundo Pritchard, Debbie Harry lhe falou de como uma banda se tornava realmente importante na vida de alguém, e que se o artista se mostrava sem reservas para os fãs, ele induzia também outras pessoas a serem menos defensivas. "Ela disse que, para cada pessoa que te ataca, tem duas que vão de defender. É uma bela maneira de encarar isso. Achei genial." O líder dos Kooks tem uma agenda sempre muito cheia e badalada. Recentemente, tocou no disco da banda francesa The Dø, um álbum que será lançado inicialmente na França. Está também anunciando que quer fazer um disco inteiro baseado no mítico álbum The Velvet Underground & Nico, "mas não queremos apenas um disco de covers, vamos compor música". Serviço The Kooks. Via Funchal (6 mil lugs.). Rua Funchal, 65, V. Olímpia, telefone 2198-7718. Hoje, às 22 horas. De R$ 140/R$ 200 Invasão Indie A "indiearada" está se tornando regra. Depois de The View e Matt & Kim, o festival Popload Gig anunciou a vinda da banda Friendly Fires. Segundo o organizador, Lúcio Ribeiro, o grupo toca nos dias 15 de agosto, no Rio, e no dia 17 de agosto, em São Paulo, no Popload Gig 2. Quem já foi indie, mas mantém a majestade, é Cat Power, que toca no dia 18 de julho no Via Funchal, em São Paulo. Por seu turno, os indies brasileiros também estão festejando a boa fase. O Bonde do Rolê toca amanhã no Studio SP (R. Augusta, 591, Centro), que terá o irrequieto Curumin no sábado. Na quarta, o badalado Garotas Suecas também baixa no clube da Rua Augusta. No Bourbon Street (Rua dos Chanés, 127, Moema), hoje é dia da banda emergente Los Locos.

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