A tela do artista britânico Banksy que se autodestruiu parcialmente em um leilão em outubro será exibida durante um mês, a partir de hoje, 5, em um museu de Baden-Baden, no sudoeste da Alemanha.
O artista de rua causou sensação em 5 de outubro, quando fez com que uma obra dele ficasse parcialmente triturada instantes depois de ter sido vendida em um leilão na casa Sotheby’s de Londres por €1,2 milhão.
A obra, tal como está depois de sua parcial destruição, será apresentada pela primeira vez ao público até 3 de março no Museu Frieder Burda. “Esperamos que ela desperte grande interesse, em particular entre os jovens”, disse Henning Schaper, diretor da instituição. Para ele, a exposição de Love is in the bin deve participar de um “democratização consequente da arte”.
A obra saiu para leilão em Londres. Seu autor colocou um mecanismo na espessa moldura dourada que permitia rasgar a tela Girl with Balloon, uma reprodução em acrílico e aerossol de uma de suas pinturas mais conhecidas, de 2006.
“Em segundos, a obra se tornou uma das mais famosas do mundo, e isso em um mundo submerso pelas imagens”, destacou o Museu Burda.
Segundo Banksy, cuja identidade segue sendo um mistério, a casa de leilões não estava sabendo que a obra ia se autodestruir. O artista, que depois rebatizou a obra como Love is in the bin, alegou que a destruiu para denunciar a “mercantilização” da arte. A compradora, que segundo a Sotheby’s é uma colecionadora europeia, disse ter se sentido “chocada no início”. “Mas aos poucos me dei conta de que iria possuir um pedaço da história da arte”, explicou em um comunicado – e decidiu conservá-la.
Contactada pelo Museu Burda, aceitou emprestá-la, seduzida pelo projeto do museu, que prevê acompanhar a apresentação da obra com um simpósio sobre Banksy.
Para o influente semanário alemão Die Zeit, a exposição de uma obra de Banksy em um museu prestigiado como o de Baden-Baden não era esperada.
“Nunca (...) a estrela da ‘street art’ (...) quis que expusessem as suas obras em um museu tradicional”, escreve o Die Zeit. E acrescenta: “Banksy acaba onde não queria ir: ao museu da alta cultura”.