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Tefaf projeta expansão de vendas em relatório

Feira de arte holandesa será aberta hoje em Nova York com lançamento de um estudo sobre o mercado, que aponta a liderança dos EUA na área

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Muitas galerias de arte norte-americanas faturam entre US$ 20 milhões e US$ 100 milhões por ano, uma soma considerável, mas insuficiente para que os empresários do setor e ‘art dealers’ possam investir em novos negócios. Os bancos privados dos EUA estão mais rigorosos que no passado – para ser mais exato, na época em que o colecionador Michael Steinhardt ofereceu seu acervo ao JP Morgan Chase como garantia de um empréstimo para comprar o edifício do American Stock Exchange.

Esse é um dos dados revelados pelo Tefaf Art Market Report: Art Dealer Finance, que será lançado hoje, em Nova York, durante a abertura da feira holandesa Tefaf no Park Avenue Armory. Diferentemente dos anos anteriores, em que esse relatório – referência para o mercado internacional – se concentrava em números e no desempenho de cada país no setor, o deste ano, como sugere o título, se dedica a analisar a questão financeira de uma perspectiva histórica com contribuições de nomes respeitáveis como os de Nanne Dekking, um dos diretores da Tefaf. O relatório é também o resultado de entrevistas com 142 marchands e galeristas sobre como eles controlam sua vida financeira.

A Tefaf Nova York abre suas portas para o público hoje: vendas devem crescer Foto: Tefaf

Uma das conclusões do relatório já se confirma: empresários do mercado de arte que têm como foco a arte dos impressionistas, modernos e contemporâneos têm mais chances do que seus colegas que trabalham com a arte dos mestres antigos. No ano passado, mais de 50% das obras leiloadas pela Sotheby’s, Christie’s e Phillips correspondiam a esse segmento. No próximo dia 14, por exemplo, o highlight supremo do leilão mais esperados em Nova York, o da Sothebys, é a tela Nu Couché, pintada em 1917 por Modigliani, avaliada em mais de US$ 150 milhões.

O maior nu pintado por Modigliani:"Nu couché" (1917) é avaliado em US$ 150 milhões Foto: REUTERS

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No relatório, o empresário Michael Plummer, um dos diretores da Tefaf e o comandante da Artvest Partners, com 40 anos de mercado, afirma que Nova York continua à frente no financiamento de bens artísticos oferecidos por colecionadores e casas de leilões. “Os norte-americanos não gostam de ver o capital correspondente às suas obras de arte congelado quando podem ganhar dinheiro com elas”. O que Plummer quer dizer é que se torna uma prática comum colecionadores oferecerem suas obras a bancos privados como garantia de empréstimo.

Liquidez é a palavra que explica essa mudança de comportamento dos colecionadores, que assim evitam cair no círculo vicioso que, segundo Plummer, fez com que uma crise se instalasse na vida financeira dos art dealers em 1980, 1990 e 2008 – um círculo, de fato, destrutivo: colecionadores demoravam para pagar as casas de leilões e esta arrastavam o acerto de contas com os art dealers, levando a efeitos colaterais perigosos.

O mercado de arte, porém, está em expansão, segundo o relatório da Tefaf, considerando os investimentos feitos por galerias, museus, feiras de arte, fundações e bienais. Num quadro comparativo que cobre os últimos 17 anos, as vendas das casas de leilões Christie’s e Sotheby’s pularam de US$ 1 bilhão para US$ 8 bilhões, sendo o fato mais notável a evolução dos contemporâneos de 2004 em diante. Parece claro, observam os autores do relatório, que a arte deixou de ser mais que um objeto do desejo.

O valor econômico associado a um objeto de arte desempenha um importante papel na hora de comprar e vender”, justifica o relatório, exibindo uma projeção impressionante para 2026: o mercado global, que hoje movimenta US$ 1,6 trilhão por ano, vai quase dobrar _ e os EUA continuarão à frente da Europa, Ásia, Oriente Médio e América Latina. O relatório não esquece de mencionar o papel que economias como a chinesa, a russa e a brasileira vão representar na expansão do mercado, sempre lembrando que o dinheiro, mais concentrado nas mãos dos poderosos, levou a uma nova classe de super-ricos, que não enxergam a arte como um hobby, e sim como estratégia para fazer mais dinheiro.

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